Opinião – Fernão de Magalhães (III)

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No dia 6 de março de 1521, as três embarcações, comandadas por Fernão de Magalhães, chegaram às ilhas Marianas, tendo atravessado a imensidão do Oceano Pacífico, desde o atual Chile até este arquipélago situado a este das atuais Filipinas e a sul do Japão. Nesta épica travessia tinham morrido nove homens e grande parte dos sobreviventes estavam doentes.
Após um descanso de três dias, a pequena armada prosseguiu viagem para oeste, zarpando da ilha de Guam. Esta ilha, hoje sob administração dos Estados Unidos da América, iria pertencer a Espanha até 1898.
Durante sete dias, navegaram mais de dois mil quilómetros até chegarem às Filipinas, no dia 16 de março de 1521. Neste novo arquipélago descansaram e abasteceram as naus de água e mantimentos, tendo aportado a diversas ilhas. As Filipinas (nome atribuído em 1543, numa homenagem ao rei espanhol Filipe II) seriam uma colónia espanhola até 1898.
No dia 7 de abril, Fernão de Magalhães aportou na ilha de Cebu, onde conseguiu estabelecer amizade com Humabon, o rei local, tendo-o ajudado a impor o seu poder junto de alguns chefes, de outras ilhas, mais renitentes à sua autoridade.
Em seguida, Magalhães, que tantas decisões, ponderadas e acertadas, tinha tomado, ao longo de tão longa e penosa viagem, vacilou no seu raciocínio e pensamento, talvez por excesso de confiança, talvez por excesso de fé, pois estava decidido a evangelizar todas aquelas ilhas e, inadvertidamente, tomou uma decisão profundamente errada.
Perto da ilha de Cebu, situava-se a ilha de Mactan, onde o poder local se recusava a obedecer ao rei de Cebu, agora convertido ao cristianismo, por influência da armada europeia. No dia 27 de abril de 1521, Fernão de Magalhães, num singular e invulgar acesso de soberba, desembarcou, juntamente com 48 homens, na ilha de Mactan, a fim de combater, derrotar e submeter os habitantes locais ao soberano de Cebu.
De súbito, os europeus, apesar da supremacia das armas de fogo, tiveram que enfrentar um exército autóctone, muito aguerrido, constituído por mais de mil combatentes, munidos de lanças e flechas envenenadas. A derrota foi total, a retirada confusa e as baixas foram inúmeras, incluindo alguns portugueses. Fernão de Magalhães foi morto e degolado nesta batalha. A sua cabeça, espetada e exibida triunfalmente na ponta de uma lança, numa praia das Filipinas. O corpo por lá ficou. Final inglório para tão ilustre figura. Nesta batalha, também morreu Cristóvão Rebelo, filho bastardo de Fernão de Magalhães.
Quinhentos anos mais tarde, os habitantes da ilha de Mactan, orgulhosos, ainda se consideram descendentes do guerreiro local, Lapulapu, que matou o navegador português. Há toponímia e monumentos que assinalam o feito, sendo visitados anualmente por uma imensidão de admiradores. Os dois combatentes acabaram por sobreviver, na memória coletiva dos filipinos.
Fernão de Magalhães, natural de Sabrosa (Vila Real), faleceu, ingloriamente, em 1521, na ilha de Mactan, nas atuais Filipinas, situadas a norte das ilhas Molucas (Indonésia), sensivelmente localizadas na mesma longitude, não muito longe da ilha de Ternate, onde já estivera, ao serviço de Portugal, no ano de 1512. Magalhães e o seu escravo malaio, Panglima Awang, de Sumatra (Indonésia) foram as primeiras pessoas a darem a volta ao mundo.
No dia 1 de maio de 1521, o rei de Cebu, de aliado passou a inimigo, tendo mandado matar 26 representantes da armada europeia, depois de os ter convidado para um banquete. João Lopes de Carvalho passou a dirigir a armada, tendo mandado incendiar uma nau, por considerar que os 113 sobreviventes apenas conseguiriam manobrar duas naus. A armada inicial de cinco naus estava reduzida a duas.
No dia 8 de novembro de 1521, chegaram à ilha de Tidore (rival da ilha de Ternate onde os portugueses estavam instalados, desde 1512 ), nas Molucas. No dia 21 de dezembro, a nau Victoria, comandada por Juan Sebastián Elcano, partiu, rumo ao sul, em direção à África do Sul e a Espanha. No dia 6 de abril de 1522, a nau Trinidad zarpou, rumo ao norte, em direção ao oceano Pacífico e ao Panamá (colónia espanhola).
(continua)

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