17 de Abril de 1969. Foi há 50 anos, num dia como o de hoje, que um estudante foi mandatado para se levantar e pedir a palavra. A ditadura não deixou. Seguiram-se seis meses de manifestações, detenções, boicotes aos exames, numa luta em que eles, jovens, diferentes entre si, souberam ser fiéis a si próprios. Nada voltaria a ser como dantes. Como escreveu Osvaldo Castro: “a dignidade e a honra estudantis ficaram intocadas e os estudantes de Coimbra viriam a encontrar nos canos das espingardas do 25 de Abril as mesmas flores que haviam distribuído à população da cidade nos alvores da greve a exames…”
Mas ficar ali, naquele instante, é redutor. A crise académica de 1969 foi mais do que a palavra negada numa manhã de Abril. A história é dos dirigentes estudantis, mas também dos gestos anónimos e da bravura de tantos outros que, ao longo do tempo, preferiram ficar em silêncio. O 17 de Abril é de todos eles: os que hoje, 50 anos depois, regressam a uma juventude inquieta e, em alguns casos, precocemente perdida.
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