Opinião: Primeiro, o rodeio, depois, o “rastreio” e, por fim, o arreio…

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Os pseudo-rastreios clínicos estão em crescendo. “Empresas” que elegem universos-alvo vulneráveis, em particular acima dos 50/60 anos, não só em meio rural como urbano, com “estratégias” específicas: enlear quem se deixe enredar por promessas fantásticas, convencê-los de maleitas a que respondem os equipamentos que lhes querem impingir, pôr-lhes nas mãos dois contratos acoplados, o de compra e venda e o de crédito, e viver à tripa forra com parte das pensões de reforma que durante anos são “hipotecadas” à dívida contraída pelas vítimas.

“Empresas” com nomes sugestivos, como “conforto da dor”, “saúde e bem-estar”… “Empresas” que logram associar estabelecimentos de saúde aos seus propósitos, ainda que de modo ilícito, não consentido… “Empresas” que respiram saúde à custa dos incautos que não sabem como resistir-lhes.

O Alentejo profundo tem estado na mira de tais malandrins. Mas meios urbanos com pergaminhos de maiores luzes não escapam à voracidade de tais “empreendedores”. Elegem como lugares em que tendem a enredar os incautos os de instituições acreditadas como centros escolares, Bombeiros, Cruz Vermelha, hotéis acreditados…

Apresentam-se como se pertencessem às corporações da Saúde, trajados a rigor, insinuam-se, sujeitam os “pacientes” a equipamentos sofisticados e “diagnosticam” logo ali males que exigem imediatas soluções: colunas distorcidas a exigir colchões terapêuticos, magnéticos; cristais de gordura no sangue a impor aparelhos de drenagem linfática, fortes doses de açúcar a reclamar glicosímetros metrologicamente apurados…

E, sem regateio, o contrato de compra e venda acoplado a um outro de crédito manietam as vítimas que saem vergadas ao peso do “produto” e de dívidas que se hão-de solver em 4, 5, 8 anos… Para gáudio das sociedades financeiras! Os “papa-reformas” em que estes diligentes promotores comerciais se converteram não querem saber de desgraças. É “sempre a aviar”! E não estão com meias aquelas: prometem mundos e fundos e iludem os néscios.

Na Batalha, há dias, uma pobre septuagenária perguntava-nos insistentemente: “mas 200€ é bom, acha que não devo ir receber o prémio aos bombeiros?”E nós dissemos-lhe: “não se esqueça que ninguém dá nada a ninguém!”; “não há almoços grátis!” e é preciso “desconfiar sempre de galinha gorda por pouco dinheiro”! Ao que insistia, “e não é de ir?”
Que não! Que lhe dariam talvez um cartucho com 50 gramas de feijão, mas que poderia estar certa de que pagaria a feijoada toda com todas as carnes, das mais nobres aos enchidos mais caros. Mas quando é que as pessoas resistem a estes convites “irresistíveis”?

É certo que por se tratar de “contratos celebrados” fora de estabelecimento, o consumidor dispõe sempre de 14 dias para dar o dito por não dito (se tal constar do contrato), sendo que esse prazo pode ir até 12 meses se não houver cláusula a prever o período de reflexão, de desistência.

Mas os problemas agudizam-se sempre que, por direitas contas, as vítimas pretendem desfazer-se do contrato.

Daí que tivéssemos dito à senhora que, na Batalha, nos lançara insistentemente a pergunta: “Vá, vá aos bombeiros, mas depois somos nós, em parceria com o gabinete de consumidores da Câmara, que apagamos os fogos”!

Na realidade, há que opor feroz resistência aos métodos agressivos de vendas que surgem sob novas roupagens e com um poder extraordinário de sedução e de extorsão.

Há que denunciar “urbi et orbi” estas formas aviltantes de exploração.

“Néscios” sempre tereis! Mas há que pôr os malandrins a ferros!

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