É lugar comum – em todos os escalões sociais e momentos – argumentar-se que têm direitos e os políticos a garantirem que os dão. Direito à saúde, direito ao ensino, direito à justiça, direito a não trabalhar…. E continuamente não são postos em prática os direitos…
Como sempre, vou falar em Justiça. Para os que não têm nada, tudo é gratuito. Para os que têm muito, arrasta-se tanto a Justiça que ainda acabam alguns deles a pedir uma indemnização ao Estado. A pobre da classe média, sobrecarregada com impostos, tem de pagar tudo e não pode recorrer à Justiça.
Quanto à Saúde, cada vez menos meios, cada vez menor qualidade. Não se pode atribuir a culpa aos profissionais, mas à carência de meios. Criaram uma medicina defensiva. Fica extremamente cara. É moda meter em tribunal, por lana caprina, os seus profissionais, quando a culpa é dos governantes que fazem as leis sem saber quais são as suas consequências…
Dá-se como exemplo a falta de anestesistas. Não se justifica que assim aconteça, mas no meu tempo, o anestesista podia controlar a anestesia em duas ou três salas de operações ao mesmo tempo. Hoje é só numa…
Em consequência, há salas fechadas, há cirurgiões que só operam uma ou duas vezes por mês, fecham-se serviços e em vez de prevalecer o critério clínico, que a maior parte das vezes é suficiente, tem que se pedir um TAC, uma ressonância para que, se for posto em tribunal constituir a sua defesa.
Quanto à investigação, não há meios e as normas comunitárias são de tal ordem que as teses de doutoramento não têm financiamento contemplado. Faz com que as teses de doutoramento das Ciências da Vida não tenham a qualidade que a qualidade dos doutorandos merecia. Pois que a investigação só é permitida no ratinho… Mas em Itália, existe a adenda de que, para fins académicos, as normas comunitárias não se aplicam.
Ponho uma interrogação: Será que os nossos políticos locais e comunitários ouviram alguém?
As teses, em consequência, limitam-se a fazer uma revisão bibliográfica e, até, quase que impõem as dimensões.
Eu mesmo, quando me jubilei, propus para a faculdade e hospital a feitura de determinados trabalhos. Refiro apenas dois ou três: que há um centro da dependência da droga, que o cancro é um problema imunológico e que, provavelmente, na artrite reumatóide juvenil, poderá estar em causa um parasita, dado o observado ao hemograma.
Senhores políticos, arranjem conselheiros sem ter como critério apenas a partidarice, bem como o palavreado, mas os que de facto conheçam os problemas e tenham atenção aos conhecimentos do passado e do presente para que se antecipem ao futuro.
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