A economia circular é um sistema de utilização de recursos onde prevalecem a redução, reutilização e reciclagem de equipamentos e materiais.
Fabricar, usar e descartar? Não. Reduza, reutilize e recicle. O atual paradigma do modelo económico linear poderá estar a chegar ao fim e o seu lugar será conquistado pela economia circular.
O atual modelo de produção e gestão de recursos, bens e serviços que promove o consumo de curto prazo está a levar o planeta para uma situação insustentável. O sistema económico atual é o oposto do ciclo de vida da natureza e colide com o desenvolvimento sustentável, focado no longo prazo. Na natureza não há desperdício ou aterro: todos os elementos desempenham um papel contínuo e são reutilizados em diferentes estágios. Tomando como exemplo o padrão cíclico da natureza, a economia circular apresenta-se como um sistema de utilização de recursos onde prevalece a redução, reutilização e reciclagem de elementos: minimizar a produção ao mínimo, e quando é necessário utilizar o produto, optando pela reutilização dos elementos que não podem voltar ao meio ambiente.
Ou seja, a economia circular promove, tanto quanto o possível, o uso materiais biodegradáveis na fabricação de produtos – nutrientes biológicos – para que possam voltar à natureza sem causar danos ambientais no final da sua vida útil. Quando não é possível usar materiais ecologicamente corretos – nutrientes técnicos: eletrónica, equipamentos, baterias o objetivo é facilitar uma simples reparação para lhes dar uma nova vida, reintroduzindo-os no ciclo de produção. Quando este processo não for possível, será reciclado de maneira a respeitar o meio ambiente.
Ao contrário de outros modelos económicos, em que o aspeto económico prevalece sobre o social ou o ambiental, a economia circular é uma melhoria substancial comum a empresas e consumidores. As empresas que implementaram esse sistema estão a provar que reutilizar recursos é muito mais económico do que criá-los do zero. Como resultado, os preços de produção são reduzidos, de modo que o preço de venda também é reduzido, beneficiando assim o consumidor; não apenas economicamente, mas também nos aspetos sociais e ambientais.
Entretanto, há compromissos europeus que estão em risco. A inovação tecnológica e a indústria 4.0 que se faz em Portugal têm de se orientar, de forma transversal, para uma verdadeira e eficaz Economia Circular.
Mantendo o atual estado da situação Portugal não conseguirá cumprir os níveis de economia circular com que se comprometeu – nomeadamente a criação de 36 mil empregos diretos e a incorporação de 86% de resíduos na economia até 2030 – se não introduzir mais engenharia. Isto significa a existência de mais inovação tecnológica e melhor logística, novos modelos de reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e de energia.
O processo da economia circular em Portugal exige que os engenheiros e todos os setores correlacionados concebam produtos e serviços com um potencial efetivo para serem reutilizados. A comunidade técnica terá de dar um contributo profícuo no desenho dos materiais, de forma a que a sua utilização seja durável e facilmente reparável.
É inadiável alterar todo o ciclo de produção e é também fundamental que se promova a uma forte sensibilização de toda a sociedade, começando pelas camadas mais jovens.