Haja decoro e vergonha. Venha de lá essa “ética Republicana” que tanto gostam de se arvorar e junte-se os princípios básicos da moralidade socialista. Não confundo o trigo e o joio, nem tão pouco a árvore com a floresta, mas convenhamos que este Governo abusa.
O Governo que deveria ser de Portugal, portanto, um digno representante da sociedade portuguesa, dos seus melhores em cada área, parece um grupo que se encontrou na festa de aniversário do PM e foi dali diretamente para São Bento. São casais, pai e filha sentados no Conselho de Ministros formado por menos de dúzia e meia de almas que formam o executivo com mais poder da Nação, são mulheres e maridos que ocupam outros Gabinetes Ministeriais ali ao lado, pois claro, sempre liderados por algum amigo mais próximo.
Enfim um nepotismo pouco digno de qualquer País Africano e uma verdadeira vergonha europeia. O pior é que acham perfeitamente normal. Aliás, no mais recente caso conhecido, um dos recém Ministros de carreira política fulgurante e um curriculum de fazer inveja a um qualquer porteiro de uma multinacional , com o devido respeito por estes últimos, veio explicar numa rede social muito famosa que a sua mulher , mãe do seu filho Sebastião , é muito competente e, por conseguinte, perfeitamente qualificada para ser Chefe de Gabinete de um dos seus melhores amigos que, aliás, ocupou a cadeira que ele tinha, antes de ser promovido a Ministro. Veio explicar que a sua mulher já tinha carreira e já era próxima do amigo, mesmo antes de se terem apaixonado e casado. Tudo isto escrito. Sim, ele é Ministro do nosso País.
Mas, continuando, numa prosa de quem está ao dispor do escrutínio público, é assim explicado que tudo é mais do que normal. Não há paciência. Será que esta gente não percebe que seria melhor para Portugal e para o Governo que este tipo de situações não acontecesse ? Será que com tanta competência , não poderiam arranjar um “trabalho” a sério, sem carro do Estado, nem motorista, como os muitos milhares de competentes do País que eles tentam governar. Ou será que , afinal, a competência é mais relativa ? Estas pessoas que nascem nas Jotas partidárias e se agarram que nem lapas a cargos políticos estão a dar cabo deste País.
Um dia , teremos consequências bravas, até porque seja a nível local, seja nacional, estas pessoas são as que se apoderam de cargos partidários que lhes permitem subir e até ambicionar serem Primeiros-Ministros. Ou porque têm boa retórica ou por outra razão qualquer, mesmo sem terem tido nenhuma profissão digna desse nome, querem mandar nisto tudo, muitas vezes empurrados por algum jornalismo que, espero bem, não seja amigo de longa data.
Este é o Governo que temos, no mundo de Lisboa, entre o Terreiro do Paço e São Bento, passando ali pelos lados do Rato. Um grupo que há cerca de 10 anos conduziu o País a uma crise financeira profunda e que , logo que pôde, se pôs ao fresco para que o ónus das políticas ficassem só do lado de quem veio salvar o barco. Este Senhor Ministro de hoje, na altura, Presidente da Federação Distrital de Aveiro do PS, dizia que “Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida” e se o fizermos “as pernas dos banqueiros alemães até tremem”.
Isto foi dito em Dezembro de 2011, seis meses depois de termos pedido dinheiro emprestado porque não havia mais para pagar salários a médicos, professores, juízes e funcionários do Estado. Isso mesmo. Ele agora chegou a Ministro e a mulher, amiga de longa da data da JS, já é Chefe de Gabinete do amigo Secretário de Estado. Estamos conversados quanto a ética, seja republicana ou democrata. Só espero que haja mais indignados porque isto já começa a cheirar demasiado mal. E que as pernas não tremam a ninguém.