Reunidas ontem em Peniche, as organizações de pesca do cerco da Península Ibérica defendem que há condições para este ano poderem capturar 15.425 toneladas de sardinha, quota para os dois países.
Aquela, no entanto, advogam, é apenas a referência de partida para a época de pesca que se avizinha, lê-se nas conclusões a que o DIÁRIO AS BEIRAS teve acesso. Por outro lado, os armadores reclamam poder pescar durante mais tempo.
Os armadores ibéricos entendem que para 2019 “os governos de Portugal e de Espanha devem adotar como ponto de partida [aquela quota], suscetível de ser aumentada ainda no decorrer do ano”, realça o documento. Os espanhóis e os portugueses reunidos naquela cidade afiançam que os stocks estão repostos, totalizando, na península, 154.254 toneladas, segundo estimativas científicas que citam nas conclusões aprovadas por unanimidade.
Entretanto, os produtores de peixe dos dois países agendaram para o dia 1 abril um novo encontro, desta vez, em Lisboa. A próxima reunião destina-se a “manifestar com clareza a confirmação da catual disponibilidade do recurso e a necessidade de definir possibilidades de captura de sardinha dignas e que respeitem a importância social e económica do sector da pesca da sardinha de Portugal e Espanha”.
“Em sintonia com a comunidade científica”
Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, o presidente da Cooperativa de Produtores de Peixe Centro Litoral, com sede na Figueira da Foz, António Miguel Lé, defendeu que os governos de Portugal e Espanha “não podem nunca pôr em causa o setor, em termos socioeconómicos, porque o aumento da biomassa é sustentado” pelos dois organismos ibéricos que estudam os stocks de sardinha.
O armador figueirense afiançou que os produtores de peixe ibéricos estão a colocar a quota “abaixo daquilo que a comunidade científica recomenda”. E avançou uma justificação: “Queremos aumentar com regras, para que não tenhamos no futuro o que aconteceu no passado, ou seja, a redução da quantidade de sardinha”.
António Miguel Lé afirmou ainda que os armadores querem ver alargada a época da pesca de sardinha, reivindicação sustentada nos resultados científicos sobre a quantidade daquela espécie detetada na Península Ibérica. “Queremos voltar a trabalhar oito ou nove meses, em vez dos atuais seis meses, de uma forma sustentável e sempre em sintonia com a comunidade científica”, rematou o empresário das pescas.