Opinião – Uma cidade anémica!

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O esta os indicadores de que destacamos a capacidade de iniciativa e realização dos múltiplos agentes da comunidade; a capacidade de realização das instituições públicas geradoras de desenvolvimento que proporciona atratividade interna e externa para as empresas e pessoas, sobretudo jovens; o envolvimento cívico dos seus cidadãos que os torna exigentes com quem elegem para os governar e orgulhosos do sítio onde nasceram ou que escolheram para viver ou trabalhar. É sabido que, cada um dos fatores de per si não tem potencialidade para produzir as transformações necessárias. Só a sua conjugação estratégica permite alcançar resultados sólidos e perenes. Olhando-se, hoje em dia, para Coimbra, é justo reconhecer que a comunidade, por intermédio das suas pessoas, das suas empresas e das suas associações tem vindo a desenvolver, nos últimos anos, um conjunto de iniciativas de mérito que prestigiam Coimbra, desde as novas tecnologias aplicadas, ao ensino, à saúde, à cultura, ao turismo, à gastronomia, ao lazer. Pode dizer-se, assim, que Coimbra mudou positivamente quanto a muitos desses aspetos.
Olhemos agora para o espaço público, ponto de encontro e de vivência coletiva, que cabe às instituições públicas municipais, intermunicipais e regionais cuidar, desenvolver, promover. E aqui o estado das coisas é chocante. O espaço público municipal, que cabe à edilidade cuidar, mostra-se negligenciado e degradado, influenciando, pelo exemplo negativo, a conduta dos munícipes.
Atentemos, por outro lado, em alguns exemplos infraestruturais, decisivos para o desenvolvimento de Coimbra e da sua região:
i) O projeto do metropolitano de superfície tem praticamente 30 anos, com investimento público de mais de 100 M€; fizeram-se mais de 100 estudos; tirou-se o transporte existente aos moradores de Serpins, Lousã, Miranda e periferia nascente de Coimbra; esventrou-se a cidade destruindo património secular. E no fim opta-se por uma solução com pneus, que múltiplos estudos haviam garantido que não era adequada e compatível com o perfil de montanha. Para o que é necessário fazer novos projetos e novas obras! E pior de tudo, deixa-se para não se sabe quando os troços finais de ligação ao CHUC e à linha do Norte, pilares essenciais à sustentabilidade do projeto!
ii) A ligação em perfil de autoestrada a Viseu: afinal, vai-se fazer a obra no IP3 pela metade, deixando a parte mais problemática em termos de acidentes para as calendas; iii) A ligação da A13 entre Ceira e a A1 continua completamente esquecida; iv) A renovação da linha da Beira Alta, ligação estratégica em carris da nossa região a Espanha e à Europa , com a respetiva plataforma logística a Norte de Coimbra, parece definitivamente abandonada, para passar a ter outro enquadramento geográfico; v) A renovação da Coimbra B também ficará para melhores dias!
É grave que tudo isto aconteça, entre o aplauso entusiasmado ou o silêncio envergonhado do Município de Coimbra, da CIM e da CCDRC, numa clara subserviência ao poder central que continua a ignorar a região.
Mas mais grave é o pernicioso efeito que tudo isto tem nas pessoas que, fartas de promessas e enganos, encolhem os ombros, alheiam-se da vida pública, tornando-se cada vez menos exigentes com os que (ou que os outros) elegeram para governar. Como se este não fosse já um problema seu. O que se sente cada vez mais na nossa cidade. Infelizmente, esse estado de coisas, ao invés de fazer refletir os responsáveis municipais, tem feito deles ainda mais autossuficientes e convencidos da sua obra! É essa a razão da anemia da cidade! Que ainda sobrevive, mas que precisa de um safanão urgente que a desperte!

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