Parece-nos que cada Ministro da Educação quer passar para a história por ter implementado um novo sistema de ensino. Começo por citar Veiga Simão, sem dúvida, um homem invulgar, primeiro reitor da Universidade de Lourenço Marques que, provavelmente imbuído do que tinha observado em Inglaterra, durante a feitura da sua tese de doutoramento, adopta o criado durante o Governo dos Trabalhistas.
Acabou ou minorou o ensino profissional na Brotero. Erro grave, pois hoje há licenciados a mais e faltam desde carpinteiros a electricistas…
Mesmo em Inglaterra, há cerca de 15 anos ou mais, em Manchester, assisti ao doutoramento de um arquitecto para vir ser professor na ARCA e achei de tão pouca qualidade que, no almoço que nos ofereceu o director da faculdade, ao manifestar-lhe o meu espanto disse: “Eu tive sorte. Puseram-me no colégio francês [em Inglaterra], fui tirar o curso para Paris…” e então foi o director da faculdade.
Após Veiga Simão, as reformas têm-se sucedido e nunca houve como critério que o que se iria implementar fosse antes experimentado numa ou em duas turmas em comparação com o método que já estava instituído. Mas com os mesmos professores, examinadores e meios, porque se o novo método pouco acrescentasse (aceite-se com o máximo de 10% de melhoria em relação ao anterior), que se ponderasse, antes de implementá-lo.
Hoje saem milhares de licenciados que não têm emprego. Alguns, conheço eu, estão a trabalhar nos supermercados. Outros não se chegaram a licenciar e estão em casa dos pais.
Cada vez mais se acentua a carência de trabalho. A máquina tem criado desemprego do homem. Tem que prevalecer novamente o homem sobre a máquina. E a que é que se assiste? O financiamento das faculdades é por número de alunos. Já há falta de meios. Assim, por exemplo, nos HUC, salas destinadas a aulas práticas estão ocupadas por arquivos ou gabinetes. Os estudantes que no meu tempo eram acarinhados, parece-me que estão a ser mal queridos… Pois que, por exemplo, se querem almoçar no hospital têm que pagar a refeição ao preço dos visitantes, o que, felizmente, ainda não acontece no Hospital Pediátrico.
Mas um sistema de ensino inovador, em todos os ramos, como seria o da Associação Cognitaria S. Jorge de Milréu, é boicotado pelo partido hoje no Governo, tendo, no entanto, os presidentes ou secretários-gerais dos partidos se pronunciado, dizendo que era a última oportunidade para Coimbra e, do então Governo, que merecia a sua simpatia.
Enquanto houver a partidarice, não se pode melhorar a qualidade do ensino. Tudo está em colapso e consideramos como prioridades a ética e moral a prevalecer no acesso aos cargos superiores e não a escolha por partidarice ou por subserviência, ao invés de pela qualidade.
Ter anunciado o Governo em exercício a redução das propinas para o próximo ano, sabendo que, com os meios disponíveis, não é sustentável, é um crime hediondo, porque é uma esperança que se cria que não poderá acontecer…
Senhores governantes, tenham mais respeito pelos nossos sentimentos… Não nos criem mais ilusões!