Das dezenas de discotecas que existiam nos anos 1980 na região Centro, são poucas as que hoje mantêm um funcionamento regular e que continuam a atrair clientes nacionais e estrangeiros.
Em Meirinhas, a cerca de 12 quilómetros de Pombal, situa-se um caso de longevidade quase ímpar no “campeonato” das discotecas que mantêm as portas abertas: a Palace Kiay vai a caminho dos 37 anos de existência e os proprietários – Jorge Duarte e a mulher, Lara Prince – apontam a “persistência, a perseverança”, o gosto pela gestão daquele espaço de diversão e o investimento constante na inovação como segredos para manter a discoteca em funcionamento.
“Não tinha experiência nenhuma em discotecas. Só como frequentador”, recorda à agência Lusa Jorge Duarte, que se lançou no ramo com 22 anos. Ainda hoje, com 58, quando a festa termina, é ele que habitualmente fecha a porta da Kiay.
“Inventei o nome para parecer bonito e fácil de divulgar. A coisa pegou: era o palácio do último grito, Palace Kiay”, afirma, com orgulho, o proprietário.
Também em França, a Palace Kiay é conhecida: implantada em Pombal, zona de forte emigração, apostou sempre na promoção em Paris e, até hoje, a discoteca abre todos os dias nos meses de agosto, com DJ e música francesa, a pensar na comunidade emigrante que faz férias em Portugal.
Com um escorrega famoso que desce do último andar à entrada, quatro espaços distintos e capacidade para cerca de duas mil pessoas, a discoteca de Meirinhas caracteriza-se por ser intergeracional.
Mais a norte, junto à mesma estrada nacional 1, na Mealhada, a Três Pinheiros é contemporânea da Palace Kyay (abriu dois anos antes, em 1980) e é outro exemplo de longevidade. “No auge dos anos 80 tínhamos três salas a funcionar, sempre cheias. Três mil pessoas lá dentro e filas de gente cá fora, a querer entrar”, relembra Cláudio Pires, 50 anos, proprietário e DJ ocasional, 38 anos ligado à Três Pinheiros.
Nos dias de hoje, a discoteca da Mealhada continua a funcionar, duas noites por semana. Adaptou-se aos tempos, mudou a música (“som da frente” às sextas, revivalismo ao sábado).
Em Coimbra, na zona da Pedrulha, na parte norte da cidade e também com vista para o IC2, resiste “mais como danceteria do que como discoteca” e com uma clientela “bastante mais velha” a Broadway, com origem em 1987. O arranque quis vincar a diversidade da Broadway, com a abertura feita ao som de Tony de Matos e a segunda noite com Lena d’Água: “Ali, a água misturava-se com o azeite”, recorda Mário Oliveira. O espaço possuía uma orquestra própria, com dez músicos e dois cantores, que tocavam no início de cada noite “rumbas, pasodobles e chachachás”.
“Era uma sala de espetáculos, um baile dos bombeiros e uma discoteca. Tudo num único espaço”, resume Mário Oliveira, que já saiu da gerência do espaço há quase 20 anos.