Saúdo a ideia e o propósito de erigir um observatório em defesa do Serviço Nacional de Saúde, perpetuando a memória de António Arnaut e Mário Mendes.
Não sabemos em que bases se vai tornar um “influenciador”, nem muito menos em que moldes vai funcionar. Nem isso me parece muito importante.
No entanto, permito-me – não sabendo tão pouco se é abrangente o suficiente – afirmar que, a montante do SNS muito existe que determina se funcionará bem ou se, pelo contrário, o SNS está aprisionado nas paredes dos hospitais e demais serviços de saúde.
Parece-me que a prevenção da saúde irá ser uma das áreas determinantes, dado que é aí que deverá começar verdadeiramente o Serviço Nacional de Saúde.
Vamos ao que interessa.
Em tempo útil, diria mesmo, pouco útil, as escolas foram privadas da sua estrutura alimentar, para dar lugar à privatização da alimentação das crianças.
Não consigo avaliar o que se passa hoje com a alimentação, a não ser o conhecimento de episódios que vão sendo conhecidos através da comunicação social.
Sei que, “in illo tempore” a alimentação nas escolas era de excelente qualidade, cujas refeições eram confeccionadas por profissionais de enorme competência e sobretudo de dedicação aos alunos. Existia uma ligação muito íntima entre profissionais e alunos, o que conferia à escola uma enorme confiança dos encarregados de educação.
Será que o Ministério da Educação e os professores vão ser incluídos no observatório?
Noutra dimensão, em que a escola deverá também estar fortemente envolvida, será no desporto escolar, o qual, como se sabe, está ao abandono, o que ajuda à obesidade infantil, grave problema de saúde pública a que urge dar resposta.
A prática desportiva regular, competições organizadas por estruturas nacionais e locais poderia vir a ser chamada a dar o seu contributo, dada a importância decisiva que tem na sociedade portuguesa.
Relativamente às políticas autárquicas, deveria existir um plano nacional para as dotar dos equipamentos necessários para que clubes desportivos não vejam a sua actividade colocada em causa, por efeito de alugueres de instalações escolares inacessíveis “aos bolsos” dos dirigentes.
Há ainda autarquias que pouco se importam com as condições que os seus jovens têm para a prática desportiva e, os denominados conselhos municipais de educação são um “fait-divers” que não servem para rigorosamente coisa nenhuma.
Numa coisa os sucessivos governos têm razão; os encarregados estão-se a borrifar para a saúde dos filhos!
Nutrição e desporto, previne a doença. Mas pergunto; será mesmo de prevenção que queremos falar…ou fica cara?
Sem uma boa alimentação e sem uma prática desportiva regular na escola e na sociedade, a prevenção da saúde não existirá e continuaremos a “enterrar” milhares de milhões no tratamento.
Como afirmei e reafirmo, para que não caia no esquecimento, a “obesidade infantil é um problema de saúde pública”!
Governar, é prever e prover!
Fica o alerta.