Opinião: Gente de antanho que fez o país

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Para quem como eu se afastou de Coimbra, por uns dias, breves dias até, para um lugar bem longínquo, nos dizeres de quem não sabe nem conhece, rememorizei muito do quanto significa a História de Portugal, para alguns, e tão pouco para tantos.

Nos confins das serranias, situam-se algumas das glórias dos nossos antepassados, ou mesmo passados que, de forma ousada e valente, nos deram o que hoje podemos observar e fruir.

Estar em Idanha-a-Velha, mesmo com frio de rachar, a observar como a D. Beatriz do alto dos seus 66 anos amassava o pão, o que doravante vai ser difícil porque quando “os olhos se lhe fecharem” ninguém mais sabe ou se atreverá a fazê-lo, ver a Maria, cujo coração, apesar de nova já lhe está a dar que fazer, num vai vem constante entre esta, Idanha-a-Nova e o Ladoeiro – que rica melancia e que feia – onde o negócio diariamente por ela clama, “arranjando” uma jantarada de ir às lágrimas e, acordar sobressaltado às 5 da matina pelo cheiro horroroso de uma lenha qualquer, que um qualquer “importou” sem se importar, é estar na vida e por ela passar.

Monsanto, já mais turística do que “aldeia mais portuguesa de Portugal”, cujos habitantes mais se assemelham aos desde sempre lisboetas que não podem pôr uma roupa a corar na corda sem que um camone ou parecido queira tirar uma foto, é uma terra atafulhada de visitantes os mais das vezes analfabetos, mesmo já tendo ao seu dispôr o doutor google, sem que a sua autarquia se importe com os alumínios nas janelas nas ruas onde viveram cidadãos ilustres, nem respeita aquilo que foram as duras lutas dos nossos guerreiros para sermos o que hoje somos; um país que conhece pouco a sua história, e que por isso lhe dá o valor que o idiota determina!

Mais aldeias defenderam as fronteiras, que hoje ainda existem, com mais sangue, mais suor e muitas mais lágrimas, do que todos os outros povos. Por isso, à míngua de gente, desbravámos mares, fomos donos de meio mundo para não dizer dele todo, os primeiros globalizadores, a que hoje, passados tantos séculos e em realidades diferentes, querem acusar a nossa gente como se tivesse sido a pior do mundo…até do moderno! Foi essa gente de antanho que, defendendo as nossas fronteiras determinam o nosso país não poucas vezes abandonado à sua sorte, na mão dos mais vis dos governantes.

Fui desta minha terra que adoro, mas que também não tenho nenhuma dúvida de afirmar, até que me demonstrem o contrário – e não o conseguirão – é caricata e grotesca, que me “aventurei” estrada acima procurando sempre algo que me surpreendesse.

Escrevia Miguel Torga, em 1950, que, “Coimbra é uma linda cidade, cheia de significação actual. Bem talhada, vistosa, favoravelmente colocada entre Lisboa e Porto, a primeira, marítima, a segunda, telúrica, uma a puxar para fora e outra a puxar para dentro, ela representa uma neutralidade vigilante, fazendo a osmose do espírito que parte com o corpo que fica. Do espírito que vai, ou deve ir, a todas as aventuras do mundo, e do corpo que tem raízes imutáveis no chão nativo”( PORTUGAL)

Por isso gostei de estar onde estive e que prometi voltar a estar. Foram ontem, são hoje e serão amanhã! Bem-Hajam!

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