O Tribunal de Coimbra condenou ontem um homem a cinco anos de prisão com pena suspensa por tentar matar os dois filhos, entendendo que foi um ato de “desespero”, numa altura em que estava desempregado.
O arguido é acusado de ter incendiado o carro, em 13 de junho de 2017, na Lousã, com os filhos lá dentro (um menino e uma menina, de 13 e 11 anos, respetivamente), que acabaram por sair, sem qualquer tipo de ferimento.
Para a juíza que presidiu ao coletivo, Ana Lúcia Gordinho, este “não é um caso habitual no tribunal”, considerando que se está perante um ato de desespero de um pai com medo de perder a guarda dos filhos, depois de ficar sem rendimentos. “A justificação [do ato por parte do arguido] é quase uma justificação de afetividade, de amor”.
Para a aplicação da pena suspensa, o coletivo valorou os depoimentos das testemunhas que referiram que o arguido, de 45 anos, era um pai “exemplar e cuidadoso”, e defendeu a necessidade de se olhar para o contexto.
Mãe deixava sozinhas
crianças de 1 e 3 anos
Os filhos tinham-lhe sido retirados em 2008 por suspeitas de que a mãe deixava as crianças sozinhas em casa durante tardes inteiras, na altura em que os meninos tinham 1 e 3 anos.
Posteriormente, o arguido divorciou-se da mulher e lutou por recuperar a guarda dos filhos, que conseguiu em 2010.
“Tem e tinha uma relação muito próxima com os seus dois filhos. Em tempos idos, não se apercebeu do que se passava em sua casa e ficou sem os filhos. É preciso perceber que mudou a sua vida, o seu emprego e tentou ficar com os seus filhos. Foi um cuidador, as testemunhas dizem que foi e é um bom pai, um pai exemplar e tudo fez por eles, sem nos podermos esquecer de que o seu filho é portador de uma síndrome”, frisou.
Em 2017, “vê-se desempregado, sem dinheiro e teme perder os seus filhos e é neste momento que decide retirar a sua vida e a dos seus filhos”, enquadrou Ana Lúcia Gordinho, considerando que o arguido entrou “num desespero completo”.
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