Opinião: Sri Lanka

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Negombo é uma cidade cingalesa, situada na costa ocidental do Sri Lanka, alguns quilómetros a norte de Colombo, capital deste país. Depois de vários dias deambulando pelo interior montanhoso é gratificante regressar ao mar, à areia e à visão das ondas que se espraiam num grande areal, nesta época quase deserto, na posse dos pescadores e das suas grandes canoas, apoiadas em singulares flutuadores, para maior segurança na faina da pesca, neste oceano Índico, palco de monções (entre maio e agosto), tempestades e até eventuais e mediáticos tsunamis.

Nesta costa, ainda hoje perdura alguma influência dos portugueses que por aqui estiveram durante quase 150 anos. As lusas embarcações fundearam nesta costa a partir de 1505, tendo os portugueses sido derrotados e expulsos pelos holandeses, por volta de 1644.

Nessa época, a ilha dividia-se em três reinos. Portugal controlava dois deles, o Reino Tamil de Jaffna e o Reino Cingalês de Kotte. O Reino Cingalês de Kandy, localizava-se no interior montanhoso da ilha e só os ingleses, em 1815, conseguiram conquistar esse território.

De referir que, a partir de 1802, o Sri Lanka tornar-se-ia numa colónia inglesa até à data da sua independência ( 1948 ). Mais tarde, em 1972, a milenar ilha de Ceilão iria alterar o seu nome para Sri Lanka.

Ao longo das estradas é comum observar habitações e telhados, varandas e escadas que parecem retiradas de aldeias portuguesas. Os pequenos altares católicos também se vão encontrando ao longo das estradas, alguns com imagens, outros com velas, outros com a Nossa Senhora. São simples e discretos mas são bastantes, acompanhando os viajantes ao longo dos caminhos, eventualmente durante séculos.

Na costa ocidental do Sri Lanka, à semelhança da costa ocidental da Índia, situada um pouco mais a norte, ainda hoje são patentes alguns vestígios da então longínqua metrópole.

No século XVI, o Budismo e o Hinduísmo causaram grande estranheza nas mentes europeias. Por outro lado, as pedras preciosas, a canela e outras especiarias (e mais tarde, o chá), eram mais do agrado dos comerciantes e aventureiros oriundos dos distantes e desconhecidos mares do sul.

No interior, situa-se a cidade de Kandy, capital cultural do país. Em agosto, realiza-se, nesta cidade, um festival religioso que atrai um número incontável de pessoas. Durante dias, as ruas enchem-se de dezenas de milhares de pessoas, formando uma massa humana compacta, tornando quase impossível a circulação, mesmo pedestre. Ao anoitecer, sucedem-se os desfiles religiosos, com infindáveis colunas de pessoas e de elefantes, todos ricamente e profusamente vestidos e decorados. Dezenas e dezenas de elefantes intercalam-se com artistas, músicos, malabaristas, monges budistas, devotos, numa parafernália de cor, luz, fogo, cheiros, especiarias, incensos e música, muita música, bem alta, muita precursão, muitos tambores, muitos batuques, num ritmo frenético que dura muitas horas.

De acordo com a lenda, alguém teria roubado um dos dentes de Buda, quando ele foi cremado, em 483 a.c. Mais tarde, no século IV, uma princesa teria levado esse dente sagrado para o Sri Lanka.

Nos séculos XVII e XVIII, em Kandy, foi construído o Templo da Relíquia do Dente Sagrado de Buda, onde, supostamente, o dente está guardado até aos dias de hoje.

Assim, todos os budistas cingaleses devem, pelo menos uma vez na vida, realizar uma peregrinação a este local sagrado. No mês de agosto, é notório que muitos dos fiéis cumprem com esta obrigação.

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