Opinião: Mixórdia de memórias e temáticas

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4 de dezembro de 1980 foi dia em que Francisco Sá Carneiro desapareceu em Camarate. O país nunca quis saber o que aconteceu e não respeitou a memória de um homem determinado e diferente. Quando hoje todos se indignam por todos os casos que não se resolvem e pela culpa que morre solteira, lembrem-se que em 1980 mataram o primeiro-ministro, o ministro da defesa, o chefe-de-gabinete do primeiro-ministro e respetivos acompanhantes, sem se honrar a sua memória com uma investigação séria.

“A intervenção ativa é a única possibilidade que temos de tentar passar do isolamento das nossas ideias e das teorias das nossas palavras à realidade da atuação prática, sem a qual as ideias definham e as palavras se tornam ocas. Trata-se, portanto, de um direito e de um dever que nos assiste como simples cidadãos, pelo qual não nos devemos cansar de lutar e ao qual não nos podemos esquivar de corresponder”.

2 de dezembro de 2015 foi o dia em que Jorge Bento desapareceu em Condeixa. Era um homem invulgar, um “excelente malandro” como eu lhe costumava dizer. É uma pessoa que vou sempre recordar pela frontalidade e pela capacidade de perceber o que estava certo e o que estava errado. Tinha a capacidade de afrontar e definir caminhos de médio e longo prazo, pelo que o seu desaparecimento precoce foi, de facto, uma enorme perda para a região de Coimbra.

Mário Centeno, Presidente do Eurogrupo disse, à saída da última reunião desse grupo de ministros das finanças da zona Euro que “o Eurogrupo convida todos os Estado membros a ponderar, de forma atempada, as medidas adicionais necessárias para lidar com os riscos identificados pela Comissão e para garantir que os seus Orçamentos cumprem com as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento”.

A mensagem era dirigida a 5 países que, segundo a Comissão Europeia, estão em risco de não cumprirem o Pacto de Estabilidade e Crescimento em 2019: Bélgica, França, Eslovénia, Espanha e… PORTUGAL. Portanto, neste mundo esquizofrénico em que vivemos, Mário Centeno (Eurogrupo) puxa as orelhas a Mário Centeno (Ministro das Finanças de Portugal).

É uma versão moderna da rábula da Olívia patroa e da Olívia costureira. Haja paciência. Pelo meio, a comissão europeia fez saber que o poder de compra dos portugueses já é pior do que antes da crise de 2009. Na verdade, os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Eurostat, divulgados esta quinta-feira, indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, considerando paridade dos poderes de compra, recuou para 76,6% da média da União Europeia, o que compara com 77,2% em 2016 e os 82,1% em 2009.
Macron em queda livre. Depois de dois fim-de-semana a espalhar confusão em França, os coletes amarelos já conseguiram aumentos de 100 euros no salário mínimo.

Mais uns quantos fim-de-semana e conseguem aumentos de 500 euros, telemóvel, carro e horário de 30 horas semanais, com redução de 5% no IRS. É o que dá a arrogância na política e o completo desnorte estratégico. A Europa está numa enorme encruzilhada, aprisionada em mensagens populistas de curto-prazo veiculadas por políticos centrados na sua exclusiva esfera de interesses. A perda de influência da Europa deve-se muito à sua irrelevância como exemplo e modelo de desenvolvimento.

Parque Verde do Mondego. Assisti abismado à novela das obras nas “docas” do Parque Verde do Mondego. Coimbra é assim. Um dos espaços mais nobres da cidade esteve ao VALORIZADO abandono. Depois, muito tempo depois, foi VALORIZADA a sua solução definitiva. Foi em Abril de 2018. O VALORIZADO contrato de empreitada, que tudo ia resolver em 180 dias, foi agora ser anulado, passados mais de 180 dias, porque, afinal, a empresa selecionada não tem capacidade financeira para realizar a VALORIZADA obra. Isto não é gerir uma cidade. Isto é brincar ao faz de conta. Isto demonstra por que razão os esqueletos de prédios ali continuam junto ao parque verde. É tudo muito mau. VALORIZAR é outra coisa, tem outro significado. Vejam no dicionário, por favor.

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