Opinião: Diálogo de fim de ano

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26 de Dezembro, 14 horas. Estou na valorizada baixa de Coimbra. Está vazia. Vislumbro um café aberto. Aproximo-me para pedir um café e vejo, numa mesa ao canto, o António (A), o Jerónimo (J) e a Catarina (C) numa conversa muito tensa e fria. Sorrio. Vou meter conversa com eles.

NP – Olha quem eu encontro na valorizada cidade de Coimbra! Não me digam que estão a combinar o próximo acordo à…
C – Acordo? Mas conhece algum acordo que tenha a nossa assinatura?
J – Nós também não acordamos nada!
A – Queres ver que os votos na AR foram feitos com login falso?
NP – Não se zanguem. Caro Jerónimo e restantes amigos, bom ano.
J – São grandes os constrangimentos que impedem de ir mais longe na resposta aos graves problemas do país que persistem, porque persistem em aspetos essenciais as mesmas políticas que conduziram o país ao atraso e à dependência.
A – (sorriso)
NP – Hã!? OK. Mas olha lá! Vocês já não apoiam o Governo? Ouviste isto António? Não sei porquê, mas eu tinha uma vaga ideia de que eles tinham votado favoravelmente os teus últimos 4 orçamentos! Ó Jerónimo, não há aí uma contradição?
J – É possível fazer de 2019, com a luta dos trabalhadores e do povo, não só um tempo de esperança, mas de novos e mais decisivos avanços na melhoria das condições de vida do nosso povo.
NP – Não foi isso que eu perguntei, Jerónimo! Mau! Apoiam ou não?
JS – O nosso partido não apoia a direita, isto é, a política ao serviço dos monopólios, de submissão ao euro e às imposições da Comissão Europeia que PS, PSD e CDS têm imposto ao país.
C – Concordo! Dá-me ideia que o António está mal informado!
NP – Bom ano para ti também, Catarina. Mas, voltando ao assunto, então o Governo do António é de direita? Mas vocês votaram a favor?
JS – O nosso partido tem confiança no futuro do país.
C – O nosso partido também. E, como sabes, colocamos o foco nos temas da igualdade de género, da eutanásia e da expropriação das casas dos bancos e do Estado que não estão a ser usadas.
NP – Ena, o que para aí vai! O António é mais território e demografia, o que me parece bem mais lógico. Posso concluir que em 2019 não vão ser assim tão amigos?
J – Há muito a fazer. Portugal vai ter de escolher entre a opção de avançar ou de manter o país amarrado à dependência do exterior.
C – Ao longo do próximo ano, como está escrito no nosso anúncio de “premieres” do YouTube, escolheremos quem queremos ao nosso lado, escolheremos em quem confiamos para lutar por nós, para lutar connosco por um país de verdade.
NP – Um país de verdade? Ó Catarina, isso não é original. Essa era uma tirada da Manuela Ferreira Leite e do PSD de 2009. Aiiii! Não me digas que viraram à direita para tentar ir para o Governo?
A – (gargalhada)
C – Não tens piada nenhuma. O nosso partido será poder quando o povo quiser!
NP – António, tu estás muito bem-disposto pá!
A – Como sabes, Norberto, eu não me iludo e não nos podemos iludir com os números. Estamos melhor, mas ainda temos muito a melhorar!
NP – Aaaah! Posso concluir que foram estes dois que não te deixaram fazer mais e melhor?
A – (sorriso) Não desvalorizo o muito que em conjunto já conseguimos, nem ignoro o que temos e podemos continuar a fazer para termos um País mais justo com mais crescimento, melhor emprego e maior igualdade. Portugal está melhor porque os Portugueses vivem melhor. Mas temos muito trabalho pela frente.
NP – Ora, palavras sábias desse grande filósofo da vida política portuguesa de seu nome Montenegro: “A vida dos portugueses não está melhor, mas o país está melhor”. Adiante! A pergunta era sobre estes dois amigos…
A – (visivelmente bem-disposto) O país não se pode dar ao luxo de perder a sua geração mais qualificada de sempre.
NP – Ahahahahah! Ok, amigos! Até à vista. E vejam quem vão ser os amigos da Catarina em 2019. Ela tem o vídeo no YouTube pronto a arrancar. As “premieres”, como ela diz, são no dia 30 de dezembro às 3 da tarde. Isso deve ser a influência da Web-Summit.
J – Eu não estou cá, não vou poder ver!
A – (quase a rir) Como eu sempre disse, Norberto, temos de continuar a melhorar os rendimentos e a dignidade no trabalho, aumentar o investimento na educação, na formação ao longo da vida, na criação cultural e científica, na inovação (mesmo que seja com “premieres” no YouTube).

(O António, a Catarina e o Jerónimo são amigos de longa data que têm a mania de me responder usando declarações públicas, sempre fora do contexto, dos seus homónimos mais famosos)

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