Opinião: P’ra fora da caverna

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A “Alegoria da caverna” é uma das mais conhecidas histórias da Filosofia. Nela o seu autor, Platão, fala-nos de um conjunto de pessoas que vive fechada numa caverna tendo-se habituado a ver refletidas na parede as suas próprias sombras bem como as dos objetos que se situam entre aquela e a fonte de luz (a fogueira). Essas sombras formavam imagens de seres humanos, plantas, animais, objetos. E as pessoas passaram a conferir-lhes nomes e significados. Eram a sua realidade.

Quando alguma dessas pessoas consegue libertar-se da caverna e tomar contacto com o mundo “lá fora” encanta-se com uma realidade palpável e colorida e percebe que esteve enganado todo esse tempo. De regresso à caverna para partilhar a boa notícia com os companheiros é recebido com desconfiança e incredulidade.

Há comunidades que vivem assim: fechadas em si mesmo, com as pessoas acreditando apenas nas sombras que elas próprias projetam, e estando contentes com isso. Isso acontece, ou porque não se dão ao trabalho de procurar outras visões, ou porque alguém internamente tudo faz para que o status quo se mantenha (falta de criatividade? medo de gerir expetativas?…), ou porque alguém externamente prefere manter fechados os caminhos para o exterior da caverna (“deixa-os estar entretidos…”).

Comunidades assim têm pouco ou nenhum futuro nos dias de hoje. Por isso, é cada vez mais preciso gente inquieta que sonhe que há algo para lá das paredes da caverna. E que tenha a sabedoria para convencer os outros que o caminho está dentro de si. Nota: após um ano de escrita, interrompe-se hoje a minha colaboração regular nesta página. Foi um gosto.

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