Os médicos correm atrás do conhecimento. Atarefados com anestesias, consultas, cirurgias, enfermarias cheias, exames, urgências e emergências, acabam o dia cansados e sabem que todos os dias alguém publica um artigo com informação nova na sua área, em qualquer parte do mundo. O que sabiam já não chega para estarem atualizados.
Apesar dos dias difíceis, há que continuar a estudar. Move-nos procurar o que há de novo e que poderá alterar a nossa prática. Uma técnica, um protocolo ou um medicamento novo, com bons resultados, que nos fazem acreditar que podemos oferecer mais a quem tratamos. E vamos procurar saber mais, ler, discutir com os colegas, perguntar por outras opiniões, escutar quem tem experiência e sabedoria.
Além disto, move-nos também descobrir, estudar casos, observar uma série de doentes e concluir coisas novas. Tratar dados estatísticos, escrever e publicar artigos. Tudo isto é ser médico.
Mas há mais. Além das competências técnicas, as não técnicas são fundamentais. Com um doente nas mãos, é fulcral trabalhar em equipa, comunicar, liderar, tomar decisões sob pressão. Com calma, devemos gerir os casos e delegar tarefas, ser assertivo e apoiar os membros da equipa, que é o pilar para que tudo resulte.
A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, consciente de que a formação nestas áreas menos concretas é desafiadora, desenhou um novo evento: o primeiro Encontro do Internato Médico da zona Centro, que procura dar oportunidades de formação e desenvolvimento pessoal indispensáveis a médicos internos e seus orientadores de formação. Dia 16 de novembro, em Aveiro, com o apoio incondicional do Centro Hospitalar do Baixo Vouga e Câmara Municipal, as sessões sairão do habitual: escrita e publicação de artigos científicos, inteligência emocional em Medicina, liderança e gestão de equipas e conflitos.
Os médicos de Aveiro, dedicados e dinâmicos, terão também a oportunidade de mostrar a fibra que os caracteriza, com uma sessão com exemplos de sucesso da formação médica na região. E em forma de debate, pelos desafios diários que a nossa vida traz, vamos perceber os limites da responsabilidade médica, os deveres e direitos, as diferenças entre especialistas e internos em formação. Com apoio jurídico, para que tudo fique mais claro.
E todo o esforço de ir mais além deve ser reconhecido. Com parceiros institucionais fundamentais, ofereceremos prémios aos melhores trabalhos na área da formação médica. Prémios que olham para o foco da melhoria contínua, porque se traduzem em estágios no estrangeiro, cursos e livros.
Queremos reconhecer e apoiar os médicos, individualmente, mas também as equipas, com o prémio “Inovação”, que distinguirá o serviço da região Centro que se destaque com um projeto de relevo na área da formação médica.
Tudo o que fazemos, todos os dias, deve ser apenas pelos doentes e não por nós. “Não importa o que fazemos, mas a maneira como o fazemos”, dizia uma grande amiga. O que importa é a dedicação e a responsabilidade que pomos em todos os atos que afetam o nosso único motivo de existir, os doentes.
“Passam a vida a estudar e a trabalhar”, ouvia, em pequena, sobre os médicos. Só assim faz sentido, darmos o nosso melhor. É assim que vamos mais além.