Opinião: Amanhã

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Faz neste dia 7 de Novembro cento e um anos a Revolução de Outubro, que no calendário Juliano seria o dia 25 de Outubro. Estava-se nesse tempo a viver-se a euforia na esperança de um amanhã em que as desigualdades e opressões desapareciam.

Por isso, Abel Botelho escreveu:

“Fizera Mateus com distinção o primeiro ano da Escola, saindo premiado em todas as cadeiras. Depois, no segundo, na aula de economia política, uma vez chamado à lição, como tivesse o cérebro fumegante ainda dessa estonteadora obra de Karl Marx, O Capital, que devorara na véspera, improvisara uma impetuosa e fulgurante diatribe contra as ferinas desigualdades e opressões o regímen social.1 ”

Terminada a I Guerra Mundial em 11 de Novembro de 1918, faz agora cem anos, muitos pensavam que a Paz e a concórdia iam ser o futuro da Humanidade, contudo nada foi como se ansiava, pois em 1 de Setembro de 1939, começava a sangrenta e devastadora II Guerra Mundial. Seguiram-se tempos mesmo difíceis pois recordamos o holocausto, como sinal de uma desumanidade difícil de suportar, quando visitamos campos de concentração por essa Europa.

Esta mesma Europa tentou por isso, com a ideia de Comunidade e depois de União, unir e pacificar os povos pouco antes em conflito fratricida, conduzindo politicamente todos para a coesão e a cooperação que desenvolvesse a economia, a educação e a cultura. Queria criar uma sociedade em que houvesse fraternidade entre os cidadãos de todos os povos europeus qualquer que fosse a sua idade, com particular empenho no processo de entrosamento dos mais jovens com a ideia de Europa através de programas como o Erasmo.

Contudo, como era expetável o capitalismo selvagem e criminoso esteve neste processo com o objetivo de ganhar tudo a qualquer custo, mesmo que isso significasse degradação da condição humana, empobrecimento de regiões inteiras, despovoamento, desemprego, degradação do ambiente e retrocessos no fornecimento de serviços públicos como educação, saúde, habitação.

Prejudicou por isso sempre o desenvolvimento da Cultura e Ciência Europeia, usando sempre para isso argumentos falaciosos que não acautelaram a viabilidade o sector bancário que, perante a enormidade das perdas que foi acumulando, pediu aos estados que o salvasse e mesmo que à custa de enormes sacrifícios dos povos mais pobres como é caso de Portugal. Ficaram assim prejudicados os trabalhadores, os pensionistas e desertificaram-se regiões como o Interior Fronteiriço de Portugal e de Espanha, sinal que a política europeia desertifica, empobrece e oprime a sociedade europeia, levando a becos sem saída de que é exemplo o BREXIT.

E agora pergunta-se: Marx pensou nestas formas de opressão que desunem politicamente a Europa?

1 Abel Botelho – Amanhã, Patologia Social, Livraria Chardron, Porto, 1924, p. 205.

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