Opinião: República

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Cumpre-se amanhã mais um aniversário, o 108º, da revolução republicana.

A instituição, entre nós, de um regime sem monarca foi coisa pioneira, mesmo se a ideia já fervilhasse há algum tempo (basta pensar no golpe falhado de 31 de Janeiro de 1891). Na Europa Ocidental, creio que, na altura, só a França e a Suíça tinham uma organização política dessa natureza.

Porventura em resultado desse pioneirismo, o facto é que a 1.ª República acaba por ser um período de enorme instabilidade governativa, social, económica, etc. A ideia de caos ficou-lhe agarrada à pele e o desfecho de 1926 e a sequela de 48 anos são de todos conhecidos.

Todavia, a ideia republicana é generosa e não tem, necessariamente, que significar desordem. É certo que a república tem por si mais a teoria do que a prática. No quadro europeu, as monarquias parecem sítios onde a democracia é mais bem vivida. Melhor na Dinamarca do que em Portugal, melhor no Reino Unido do que na Grécia, para dar uns exemplos.

Todavia, há algo de anacrónico nas monarquias. A ideia de que é a linhagem – e não a vontade do povo (ou dos seus representantes, nalgumas variantes) – que define o chefe do Estado encerra, parece-me, certo atavismo. Assenta numa desigualdade de partida que não julgo totalmente compatível com uma visão contemporânea de cidadania em que todos são iguais perante a lei, em direitos e deveres.

Seja como for, cumpre assinalar, em mais este 5 de Outubro, o destemor dos homens que, na Rotunda, sob a orientação de Machado Santos, aguentaram firme e marcaram uma data na história pátria.

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