1. Esta característica única de Coimbra, a nível nacional
Regressado de férias saúdo os leitores do Diário “As Beiras”. Muitos me telefonaram indagando por onde andava, quando iam recomeçar estas Crónicas sobre Coimbra dos afectos, que aqui vos trago periodicamente. Aqui está a primeira da “rentrée”, com aquele abraço
Não foram férias passivas, daquelas em que a gente se estica na praia ao sol coberto de cremes 50+, na piscina a ver as beldades a nadar para a plateia ou na esplanada à sombra a beber cidra (que é o que está a dar).
Acreditem os cépticos. Foram férias activas! A viajar por Portugal, de caderno na mão, máquina fotográfica a tiracolo, à procura de Coimbra!
Por ali e acolá à procura de ligações históricas, culturais e sociais. E constatar, mais uma vez, que Coimbra está na alma e no coração dos portugueses, num caso único a nível nacional. Quem disser o contrario, desculpem là, não conhece o País!
Falámos com as pessoas mais diversas, recolhendo informação variada, visitando monumentos e centros culturais, tascas e igrejas, investigando em bibliotecas, trocando impressões com agentes culturais conhecedores. Sobre Coimbra, vieram à baila: A sua História, a beleza da cidade, as suas tradições, a Universidade e os seus estudantes.
Esta característica única de Coimbra, constitui uma das suas maiores valias, se convenientemente explorada, tornando-a uma cidade atractiva para investir, para viver, para visitar e por isso uma cidade ainda melhor e mais feliz do que aquilo que ela já é na realidade.
2. A confrangedora comparação entre a IP3 e a A24
Desta vez a nossa viagem foi pela Região de Alto Douro e Trás os Montes e confirmou plenamente o que dela esperávamos.
No 1º dia saímos de Coimbra com o objectivo de chegar à Régua à hora de almoço. Cerca de 160 kms que fizemos em dois troços distintos. Primeiro, pela limitada e perigosa IP3 até Viseu. Em seguida, pela moderna, espaçosa e atraente A24, em direcção ao destino desejado.
Nunca é demais referir a confrangedora comparação entre estes dois troços e perguntar aos deuses quais as razões objectivas de tal ter acontecido e continuar a acontecer! Agora que se anuncia com pompa e circunstância que se vão fazer remendos na IP3 mas nunca jamais “autoestrada”, porque não há dinheiro! Que mal é que Coimbra e Viseu fizeram aos deuses (perguntamos nós, de olhos em alvo!)!
3. Raízes de Coimbra em Lamego
Antes da Régua um pequeno desvio para Lamego, cidade monumental onde o barroco impera. No café local, um amigo dos tempos da Faculdade, aguardava por nós.
Suscitámos o interesse geral ao dizermos que vínhamos de Coimbra e ao que vínhamos. E contámos, aos presentes (aos mais novos surpreendidos, aos mais velhos conhecedores e acrescentando pormenores) que, ao longo dos tempos, sempre foram de Lamego para Coimbra, inúmeros jovens para estudar. Muitos deles amplamente conhecidos, como:
-Fausto Guedes Teixeira ( 1871- -1940 ), que estudou Direito na UC, poeta de grande idealismo da geração dos simbolistas, que ficou conhecido pelo Musset português,
– Camilo Araújo Correia ( 1925-2007 ), licenciado em Medicina pela UC, deputado, escritor, autor de 2 livros sobre Coimbra: “Coimbra minha” ( 1989 ) e “Coimbra outra vez” ( 1998 )
– João Botelho ( 1949 ), prestigiado realizador do moderno cinema português, que estudou Engenharia Mecânica na UC e mais tarde dirigiu o CITAC, antes de abalar para o Mundo.
O tempo escasseava. O almoço na Régua, já estava na mesa. Despedimo-nos com afecto e saudade. É tão bom falar com quem nos entende! Numa próxima oportunidade havemos de voltar a Lamego. Haverá, de certeza, muito mais para descobrir sobre Coimbra.