Gostaria de partilhar convosco parágrafos de um texto enviado por um Amigo, que subescrevo na totalidade e cujo autor desconheço.
“Querido Papa Francisco:
Na verdade, és culpado!
Por seres um homem e não seres um anjo!
És culpado porque tens a humildade de aceitar que erras e de pedir perdão.
Pedir perdão por ti e por nós.
Isso para muitos é inadmissível.
És culpado, porque desejavam que fosses um juiz e um canonista e és exemplo e testemunho de misericórdia.
És culpado, porque abandonaste a tradição de morares em palácios e escolheste viver no meio das pessoas.
Sim, és culpado!
Deixaste de beijar os pés perfumados das eminências e beijas os pés “sujos” de condenados, doentes, de gente de outras confissões religiosas, de “diferentes”!
És culpado, porque abriste as portas aos recasados, e porque diante de temas dolorosos e pendentes respondes simplesmente:
“Quem sou eu para julgar?”
És culpado, porque chamas as coisas pelos nomes e não te retrais por lembrar aos Bispos que não sejam pastores de aeroporto, mas sim gente com “cheiro a ovelha”.
És culpado, porque não abriste tanto os olhos à inteligência e à razão, mas, sobretudo, ao coração.
És culpado, porque deixaste de querer uma Igreja de privilégios e mordomias, de glórias e poder mundanos, e nos ensinas a força do serviço, riqueza do lava-pés e a grandeza da simplicidade.
És culpado, porque buscas a verdade e a justiça, abraçadas pela misericórdia, em vez de silenciar, esconder, minimizar ou ignorar.
Papa Francisco, deixa que te culpem destes “crimes”. Sabes que ao teu lado estão incontáveis mulheres e homens que, como tu, não são anjos mas frágeis pecadores, esperando que Cristo olhe por nós e para nós.
Temos assistido efetivamente, nos últimos tempos, a uma campanha orquestrada, não se sabe bem por quem, mas que penso poderem estar associados, para além de uma extrema esquerda, os meios mais conservadores da Igreja a que muitos de nós pertencemos, e que vêm tentando a todo o transe culpabilizar o Papa Francisco, ao que também não será alheio o fato de ser jesuíta.
Se a pedofilia é indiscutivelmente algo horrendo, pois faz sofrer as crianças que mais precisam de ser amadas, aqueles que mais deviam preservar a relação humana erraram e erram de forma inenarrável. Não podemos generalizar e esquecer os milhares de Sacerdotes que todos os dias dão o melhor de si nos locais mais remotos do mundo, na tentativa de levar uma palavra, um gesto, um coração, junto dos mais desprotegidos.
Todos os dias praticam verdadeiros atos de heroísmo ao longo deste nosso mundo, mas esses que morrem de amor, e por amor, não são notícia, não interessam e são puramente ignorados.
O mundo está seguramente cada vez mais injusto e quanto a mim, mais pobre. Todos os dias assistimos, das mais variadas formas, a tentativas de destruição da nossa civilização, atacando os alicerces daquilo que aceitámos ser um caminho para a felicidade do homem.
Como já vos tenho referido, não me calarei enquanto Deus me der cabeça para pensar, força para agir e vontade de partilhar.
Hoje, como sempre, sei e sinto que as minhas filhas e os meus netos não me perdoariam se assim não o fosse.