Estou chateada! Não estou aborrecida ou contrariada. Estou, sim, agastada, irritada, zangada, exasperada, encolerizada até. Lixada com este ninho de ratos!
O meu bom humor ruiu face ao rasto peçonhento de tantas caganitas e tamanhas ratazanas. Por estes dias, Talone, ex-presidente da EDP, veio confirmar o gosto da bicharada por portas giratórias (do governo para os conselhos de administração, é uma brincadeira pegada);
Martins da Cruz, ministro de Barroso, abandonou o partido porque não se revê em pacóvios suburbanos (diz-se que prefere outros pacóvios);
Um vice-presidente do PSD pediu uma ‘moção de apoio’ ao líder (intitulada ‘É preciso amparar o Rio porque ele tem pés de barro com rachas maiores do que o estádio do Estoril’);
O Governo dá o dito pelo não dito, mantém o Infarmed em Lisboa e desonra a palavra dada (e repetida por cinco vezes, pelo menos);
O Assis quer mandar o ‘amigo’ Costa para a Comissão Europeia (já se sabia que os tugas baixinhos e feiosos são muito apreciados por lá);
A Relação do Porto mandou o consentimento às urtigas e manteve a suspensão da pena para dois tipos que violaram uma rapariga inconsciente (dizem que “não houve danos nem violência”);
A Associação Sindical de Juízes Portugueses, presidida por um dos subscritores do dito acórdão, veio defender a decisão (à laia de testemunho abonatório disfarçado de comunicado);
Sócrates juntou os amigos (com boleias organizadas e autocarro fretado), festejou a saída da Joana e agraciou a direita portuguesa com o prémio ‘melhor organizadora de tramoias à portuguesa’;
Passos Coelho veio protestar contra a não recondução da ‘sua’ procuradora (e borrou a escrita toda);
O PSD de Serpa, à trouxe-mouxe, acreditou numa amizade entre a nova Procuradora e o Senhor Engenheiro e divulgou o boato (não lhes mostrem o Inimigo Público, p.f.);
A Ministra do Mar nomeou a sócia para a presidência dos portos de Lisboa, Setúbal e Sines (qual conflito de interesses, qual carapuça?);
Um taxista agrediu um turista por engano (o carro estava limpinho e pareceu-lhe mesmo um Uber);
Um tal Vítor Vale, juiz, de maus bofes, cobarde e criminoso, foi condenado por violência doméstica (um tal cretino que já tentara em tempos que a namorada, moça abastada, assinasse um contrato promessa de casamento com uma cláusula penal de 50.000 euros, não fosse ela querer fugir antes do tempo);
Vale e Azevedo, apesar dos parcos rendimentos, alugou um jacto para fugir à prisão (à mesma a que têm escapado Armando Vara, José Penedos, Duarte Lima, e restante ninhada);
Até o Ronaldo foi injustamente expulso porque a mafia do futebol deve maior obediência ao Real do que à Velha Senhora (diz-se por aí, também);
E, ontem, para arrasar qualquer teimosa réstia de boa disposição, um director e vários agentes da Polícia Judiciária Militar e da GNR foram detidos por envolvimento no assalto a Tancos (e o ministro, de pedra e cal).
É a banalidade do mal, como disse Hannah Arendt, “quando os seres humanos se recusam a ser pessoas” e se assemelham a ratos.
E, entretanto, em Serralves, umas quantas fotografias de pipis e pilotas indignaram a nação… Se quisermos manter o decoro, deixemo-nos de sonsices e esqueçamos as fotografias de piriquitas e pirilaus, tão inofensivas que chegam a ser enfadonhas. Para censura bacoca, já basta o Índex. O que é pornográfico, e fede muito, é este ninho de ratos, sem-vergonhas, infestados das piores moléstias, que ameaçam a moral do país e comprometem a sobrevivência de um Estado Democrático.
Urgente, sim, é tratar dos ratos, carago!