Opinião: Bem-vindos caloiros!

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Coimbra, cidade da mais antiga universidade do país, aguarda-vos.

Todos os anos entram no ensino superior em Coimbra cerca de 6.000 jovens. Talvez mais 2000 Erasmus. Esta injeção de consumidores é o maior motor económico da cidade. É responsável pelo dinamismo do mercado imobiliário, quer do arrendamento ou do alojamento, quer da compra e venda. E essa é a área económica que movimenta a cidade, e mesmo o concelho, indiretamente. O comércio e a restauração agradecem; não é só na altura das festas académicas. Por outro lado, o turismo, essencialmente centrado nos edifícios do Páteo das Escolas, e nas estadias de curta duração ligadas à Universidade ou ao Hospital Universidade, tem também ajudado a movimentar o alojamento local, mas estou convencido de que é ainda um negócio bastante sazonal.

Esta injeção anual de cerca de 8 mil novas almas (apesar daqueles que anualmente vão saindo, a um ritmo menor) mantem as instituições de ensino superior da cidade e, consequentemente, toda a vida da cidade, cuja economia está fundamentalmente centrada nelas. A consciência destas implicações económicas levou o Governo a utilizar o mecanismo das vagas para “descentralizar”, retirando vagas ao ensino superior nas grandes cidades e aumentando no interior. Coimbra safou-se, entre os pingos da chuva, de um corte burocrático, determinado de Lisboa… mas até quando? Será que os nossos dirigentes têm consciência da ameaça?

A Câmara de Coimbra não tem conseguido captar investimento. Nem tem tentado, tem? E as gerações aqui formadas dificilmente aqui ficam a trabalhar depois de formadas. O peso da função pública é, nesta cidade de doutores, absolutamente desproporcionado em relação ao total da população, o que leva mesmo, desculpem dizê-lo, a uma “deformação psicológica” da maioria da população residente que faz com que desejem que os filhos acabem por “encaixar-se” em algum instituto público. Não o admitimos, mas está-nos no sangue! A alternativa é sair. E essa alternativa, depois da crise de 2008 é, para muitos, sair até para fora do país.

Mas, afinal, talvez seja mesmo melhor assumi-lo e fazer de Coimbra uma cidade naturalmente pública. Pugnar por concentrar aqui o maior número possível de “Institutos Nacionais de…” e de “Serviços Nacionais de…”, de escolas públicas, organizações militares e policiais ao seu nível central; uma espécie de “Mondegus Park”, e esquecer os IKEAS e quejandos… Esse deve ser o desígnio dos políticos de Coimbra.

E aí um aeroporto é que era! Afinal não está nada mal pensado, não. Aviões? Não exageremos…Cheio de funcionários da ANA, do INAC, e uma alfândega… isso é que era…uma boa alfândega. Depois era só multiplicar mútuos com hipoteca e com a garantia do salário público e deixar o mercado funcionar… como sempre… Caloiros!

P.S.: Dr. Manuel Machado, guarde uns tostões e faça uma passadeira na rotunda do Hospital, para que os estudantes de Farmácia e Medicina do Polo III, quando forem atropelados, tenham direito a uma indemnização!

 

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