O ministro da Saúde disse ontem, em Coimbra, que há quem critique “todos os dias” o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para o desgastar e depois apresentar propostas que visam desistir da sua reforma enquanto serviço público e privatizar.
Todavia, reconheceu: “Não temos os problemas todos resolvidos”, acrescentou Adalberto Campos Fernandes, que falava aos jornalistas ao princípio da noite, em Coimbra, à margem de uma sessão comemorativa do 39.º aniversário do SNS.
Por seu lado, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, disse na mesma ocasião, que “no dia em que o SNS [Serviço Nacional de Saúde] não for sustentável, esse será o dia em que a democracia também não será sustentável”.
Miguel Guimarães falava na Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (OM), em Coimbra, numa sessão comemorativa do 39.º aniversário do SNS e de homenagem ao impulsionador deste serviço, António Arnaut (falecido em maio deste ano), que, “reconhecendo a desestruturação crescente do SNS e os riscos que corria”, sonhava “restituir ao SNS a sua dignidade constitucional e a sua matriz humanista”.
É que, afirmou Miguel Guimarães, “no dia em que o SNS não seja sustentável, esse será o dia em que a democracia também não será sustentável”.
Idêntica foi a perspetiva defendida, na mesma sessão, pelo deputado do Bloco de Esquerda e vice-presidente da Assembleia da República José Manuel Pureza, quando recordou a visão de Arnaut ao criar o SNS, reconhecendo que “sem uma política de saúde capaz de dar uma resposta às desigualdades”, a democracia portuguesa “estaria gravemente diminuída”.
Também para o antigo líder do PSD Luís Marques Mendes, “a democracia e a liberdade nunca seriam totais” sem o SNS, que, “a seguir à liberdade é, provavelmente – para não dizer seguramente –, a mais importante conquista do Portugal democrático”.
A comemoração do aniversário do SNS prosseguiu com a ‘rega da oliveira’, no Parque Verde do Mondego. É um gesto simbólico que, desde 2009, assinala o aniversário do SNS. A árvore foi plantada no Parque Verde do Mondego, junto ao Pavilhão de Portugal, por iniciativa das ligas dos amigos dos hospitais da Universidade e dos Covões e de António Arnaut.