Um dos maiores problemas da administração pública é o envelhecimento dos quadros, logo seguido das baixas por doença que também se devem às questões levantadas pela idade: mais próstata, mais oncologia, mais reumatismo, mais dores de costas. Eu, do estatuto de vinculado e “em Funções Públicas”, no meu serviço, sou o mais novo aos 57 anos. Não perceberam como isto está errado? Esta situação ganha foros de ridículo em liceus, na CP, na Justiça e nas polícias e forças armadas. O Estado defende-se reciclando os quadros, aumentando a exigência no atendimento, melhorando regras de trabalho, criando condições com qualidade para mais rapidez, menos burocracia. Chamamos a isto “ar fresco”. A geração de trinta anos está expatriada, diminuindo a população Portuguesa, porque não tinha lugares de emprego com dignidade. A geração canibal – a que propõe salários de 600 euros ganhando trinta mil, a que quer perdurar no comando para lá dos setenta, a que não garantiu continuidade, não organizou o futuro, não se dedicou a garantir a sua continuidade ou a sua alternativa substantiva, a que construiu Centros de excelência sem brilho específi co (todos recordamos fundações, CRIs, PPPs, IPSS) que eram mamas de alimentar milhares de familiares e de subordinados partidários e comensais de agremiações pouco virtuosas, essa geração canibal brilha e regozija com mais uma lei de destruir Portugal e o seu futuro. Essa é a geração que decidiu fazer mais obra pública do que a que podíamos manter. A que fez mais instituições que as que podíamos ter abertas. Olhem os hospitais abandonados, os quartéis abandonados, as fábricas abandonadas. Coimbra é um mar de espaço velho dentro da própria cidade porque nunca houve plano com foco no futuro e nas contas da manutenção da obra construída. A pergunta ao velho se quer viver eternamente tem uma maioria de velhos a querer ser eterno, nem que isso impeça milhares de nascimentos. Chama-se egoísmo. A saída aos setenta das funções públicas é uma garantia de frescura, de mutação, uma oportunidade para melhorar agonias antigas, uma esperança para uma geração nova se afi rmar. Um homem grande sai aos setenta feliz do dever cumprido e deixa a porta aberta e os documentos sem ferrolho para quem entra. Um homem grande cumpre e alegra-se da substituição. Só os medíocres querem perdurar eternamente e acham que ninguém fará como eles – os narcisos! Há um tempo para tudo e um lugar para cada idade. As excepções físicas e mentais não podem constituir lei, com perigo de impedirmos o ciclo vital. Ainda há dias vi o Dr Ricardo a jogar futebol aos setenta e quatro, que bom para ele! Aos oitenta e aos noventa há quem gira IPSS, empresas familiares, fundações, empresas públicas e infelizmente há quem leve essas instituições ao fracasso na melhor das intenções porque simplesmente não percebeu que o mundo mudou, a estrutura em que construiu as ideias foi abalada, o terramoto do tempo esculpiu outra realidade. A minha mãe é uma excepção e usa Facebook, gere a sua quinta, produz o seu vinho aos 89 anos, mas não quer ser enfermeira directora do HUC ou do IPO. A cabecinha está lá, na plenitude do bom senso, na visão de que o futuro é dos bisnetos que aguarda ansiosamente.
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