A palavra será como o tijolo, a junção de muitos fará uma totalidade, essencial à sua criação. A soma das palavras também se transforma noutra realidade, a obra escrita. Que nunca poderá ser neutra, afásica, incolor. O escritor, frequentemente, ao escrever, não faz mais do que escrever-se.
Gustavo Flaubert afirmou “Madame Bovary sou eu” – Um eu formado por gémeos unicelulares: o escritor e a personagem. O escritor será, em última análise, o objecto da obra. Georges Lucacks, em “Significado presente do realismo crítico” refere “a grande diferença entre a imagem filosófica e a imagem literária do mundo”.
Para “complicar” os paraísos artificiais têm intervindo na literatura, recordemos Pessoa, de Quincey, Baudelaire, William Burroughs. Os delírios, as alucinações, as visões também fazem parte da literatura. As “Refeições nuas” não são parte da viagem apenas dos “junkies”, os homens de sucesso da bolsa, da especulação também por lá passam.
Mas há quem, se não está alucinado, imita muito bem. O frenesim do sucesso, a angústia do insucesso, numa visão realista da cena contemporânea transformaram a realidade em algo dificilmente entendível.