Segundo uma revista de grande divulgação pelas elites que dirigem o mundo, Portugal possui condições para se afirmar em diversos mercados globais, tendo esse magazine afirmado que, se tivéssemos dinheiro, até poderíamos eclipsar a Califórnia. Claro que o teor do elogioso artigo não surpreende quem conhece bem o país, mas a opinião de outros sobre a nossa valia deve-nos fazer acreditar que podemos e devemos fazer mais, para melhorarmos a vida dos portugueses.
Se dermos o devido valor a um clima esplêndido, com tantos dias de sol durante todo o ano, e à simplicidade da nossa gostosa gastronomia, especialmente à qualidade do peixe pescado junto à costa, e ao hábito de tomar café – que mais que uma bebida, é uma forma de estar na vida -, e se valorizarmos que os portugueses são hoje muito mais cultos e interventivos do que eram antes, e pensarmos na vantagem competitiva de serem imensos os que agora falam inglês fluentemente, concluiremos que poderemos tirar melhor partido da beleza e diversidade de praias e demais paisagens que se observam ao longo de um país que, sendo pequeno em dimensão, é enorme no encantamento que desperta em quem o visita, levando muitos turistas a ficarem a viver por aqui.
É que a qualidade e sabores inconfundíveis das nossas frutas e doçarias conventuais, o cheiro a maresia no litoral, o ar puro e perfumado das florestas do interior, e a segurança e paz do país, atraem e seduzem muita gente. E quando alguém observa as fulgurantes belezas vulcânicas do arquipélago dos Açores, desfruta o prazer idílico de passear na ilha da Madeira, e sobe de barco o Douro vinhateiro, ao som da nossa música popular, pensa que dificilmente encontrará locais tão apetecíveis, noutros países. Já quem pratica surf, seja na tranquilidade das águas frescas e vivas da Ericeira e Figueira, seja no gigantismo das ondas da Nazaré, anseia repetir experiências de vida plenas de adrenalina. Meros exemplos de singularidades de valor imenso, e que é raro serem encontradas num mesmo país. Mas Portugal tem ainda muito mais, para a todos encantar.
Do Mosteiro de Alcobaça ao Convento de Tomar, dos Jerónimos à fabulosa Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra, da bela vista do Bom Jesus de Braga à de Santa Luzia de Viana, da opulência do Convento de Mafra à magnificência do Mosteiro da Batalha, da arte rupestre do Tua às soberbas praias algarvias e vicentinas, da beleza agreste das serras da Estrela e do Pico às planícies douradas que ondulam ao ritmo das brisas alentejanas, e aos murmúrios dos pequenos e lindos rios que serpenteiam por vales e montanhas, somos um país para apreciar serenamente.
É certo que nunca houve, nem há, dinheiro para divulgar pelo mundo a qualidade de vida que tem quem aqui passeia e vive. Se há sete anos a revista “Monocle” já o dizia, muitos outros o dizem agora e é assustador perceber que daqui a sete anos, alguém o poderá vir dizer outra vez…
Mas Portugal já não é só sol, imagem e simpatia. Vejamos um só exemplo: a evolução havida na qualidade dos vinhos portugueses, em que muitos ombreiam com os melhores do mundo, afirmou uma notável capacidade de exportação para os mercados mais exigentes. A verdade, é que Portugal está na moda! Pelo que foi dito e pelo que ficou por dizer. Pelo povo, tão cordato como afável, e pelo seu génio e trabalho. Pela investigação e criatividade. Pela cultura e futebol.
Mas a emigração de tantos profissionais qualificados, por haver falta de empregos adequados no país, mostra que muito terá de mudar, para Portugal se afirmar, para além de destino turístico. Para começar, há que banir, das leis e das mentes, imensa burocracia, porque esta, para além de porta aberta para a corrupção, é porta emperrada que trava qualquer economia. Depois, haverá que modernizar o país, e melhorar a vida de quem aqui labora e reside. É que só quando tudo isto acontecer, é que poderemos vir a eclipsar a Califórnia, no lazer e nos negócios.