Bem sei… tinha prometido não falar de política durante as férias, aproveitar o meu querido mês de Agosto, ao sol, no mar, sobre a areia, de livro na mão e auscultadores nos ouvidos, a brincar ao faz de conta e a sorrir, feliz.
Por isso, hoje escreveria sobre o Grande Fernando Pimenta que vingou soberbamente as lágrimas do ano passado.
Romancearia também acerca daquele empate das Águias com os Leões, que aos benfiquistas soube a pequena vitória depois da derrota dos Dragões. Relembraria ainda os últimos êxitos do Miguel Oliveira que nos prometem um verdadeiro The Doctor português. Que grande época! Tudo para manter o espírito estival e evitar toupeiras e outros animais ferozes.
Mas, infelizmente, a mediocridade de um tal Compadre Valdemar não me deixou alternativa e obrigou-me a decretar o fim das férias para o efeito conveniente.
Então não é que o tal Compadre, Presidente da Câmara do Pedrógão, apresentou queixa contra a TVI por difamação, a propósito d’ O Compadrio!? Um verdadeiro calhordas!
Para quem não viu, o arranjinho dos Compadres era simples: o pessoal fingia-se chamuscado pelo fogo e declarava que vivia há anos por ali, numas ruínas, num palheiro, onde fosse… desde que ardido. Um regabofe!! Quem devia controlar o processo (o filho do Compadre-Mor, Compadrito para os amigos), propunha logo a marosca e ajudava no estratagema: ‘Se há-de ser para os outros…’ sem nenhum embaraço ético, sem nenhum impedimento moral.
E estas gentes que conviveram de perto com a morte, com a perda da bagagem de vidas inteiras, alinharam no esquema prontamente. Deitaram as unhas ao carcanhol e lamberam os beiços de contentamento, borrifando-se para a desgraça alheia. Triste gente sem honra, trocada por tijolo e argamassa!
O tal Compadre-Mor, o Presidente, lá estava então na TVI, armado em anjinho, embasbacado com as perguntas da jornalista, um badameco, com ar de barata tonta, fronha de atoleimado, manhoso, com cara de enterro. Mais constrangido que um padre num bordel, fez-se mula e fechou-se em copas: não sabia de nada nem admitia tais acusações.
A seguir, emburrado, o farsola, fino como um alho, armou-se em virgem ofendida e queixou-se às autoridades competentes, de um enxovalho imerecido, na televisão, à vista de todos, exigindo que investigassem alegados crimes de difamação.
O problema, ó Compadre, é que Vossemecê não foi fadado para a representação. Vossemecê é medíocre, péssimo, muito mau, e não convenceu ninguém!
Se fosse comigo – tão certo como dois e dois serem quatro – punha-o a caçar grilos a toque de caixa. Mas Vossemecê já sabe: os compadres têm que ser uns para os outros e lá veio o Costa, dizer que afinal ‘apenas duas das denúncias são relativas aos fundos geridos pelo Estado’. Assobiou para o lado e deu o caso por encerrado como convém para ganhar uns pontinhos nos aparelhos partidários que organizam os cortejos das campanhas e garantem uns quantos papalvos nos jantares da carne assada. É o chamado toma lá-dá cá. Sempre em nome do tal compadrio, parente afastado da democracia.
E os outros, os laranjas, os azuis, e os vermelhos, por onde andam? Porque se calam todos? Ocupados a organizar as merendas de família, de Caminha ao Algarve, a prometer revoluções e banhos de ética? Conversa da treta!
Tudo farinha do mesmo saco!
Não admira que o país mais pareça um manicómio em autogestão! E entretanto, com o dinheiro de todos, os Compadres governam-se bem. Chama-se a isso dar traques com o rabo dos outros.