Opinião – Sem sentido

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Falar em não verificar, é normal em Portugal. A revista Visão diz na edição desta semana que foram gastos 500 mil de euros em obras que correspondem a processos irregulares. Pelo meio acusações de compadrio e favorecimento na instrução dos processos, ausência de fiscalização e controlo, para além de muita ligeireza. Sobre isso a presidente da CCDRC comentou: “… todo o trabalho foi feito com clareza e transparência”, admitindo que possam ter sido intervencionados imóveis que até nem tenham ardido. Parece que os “papéis” estão todos certos e quem gere e organiza não tem de verificar no terreno. Portugal é isto, a República do “papel”. Basta ter “papel” e está tudo resolvido: a realidade não interessa nada, o que interessa é o que diz o “papel”. E ninguém tem poder para fiscalizar, pois o poder do “papel” é absoluto e inquestionável em Portugal. Tem o “papel”? Consegue obter o “papel”? Então está tudo certo e garantido.

Os Portugueses, que na hora de aflição ajudam de forma verdadeiramente comovente, mereciam que cada um cumprisse o seu papel de forma mais diligente e responsável.
Por falar em responsabilidade, li que o nosso alegado e muito calmo Ministro da Defesa declarou, ainda sobre Tancos, e sobre o facto de se registar uma diferença entre o que desapareceu e o que foi recuperado: “Obviamente não tive conhecimento dessa alegada discrepância”, pelo que “o bom senso político obriga” a que se espere “calmamente que essa aclaração venha a verificar-se, ou seja, que se venha a saber e, se sim, porque é que se se verifica uma alegada discrepância quanto àquilo que foi recuperado”.

Eu diria que o bom senso político e a preocupação com a segurança dos portugueses já deveria ter conduzido, calmamente, à substituição deste senhor que, alegadamente, é o Ministro da Defesa de Portugal. A ausência de decisão sobre este assunto tem tornado muito clara a muito evidente discrepância entre as funções que ele alegadamente exerce e a competência para efetivamente as exercer, o que em muito tem contribuído para o anedotário nacional.

No entanto, como estamos a falar de defesa, de armas que não se sabe onde andam, etc., faria sentido, digo eu, tendo em conta o superior interesse da segurança dos Portugueses, que alguém soubesse alguma coisa e estivesse efetivamente em funções. É que depois, se acontecer uma desgraça, já sabemos que a resposta será que nada mais se poderia ter feito, não tinham poder para fiscalizar e todos foram diligentes, competentes e, alegadamente, dedicados.

Por falar em ser dedicado e diligente, li no Público que o Governo do PS nomeou para a administração do Rovisco Pais um dirigente, com um CV “brilhante”, envolvido em fraudes eleitorais e falsificação de fichas de militantes da federação do PS de Coimbra. Continuem a GOZAR com os cidadãos e vão ver como eles respondem… os partidos não têm a menor vergonha.

Por fim, por falar em gozo, vi no Expresso online, um ranking sobre os líderes do futuro. Não costumo prestar atenção a isso, mas este capturou a minha atenção pois foi organizado por uma empresa de comunicação: a Llorente y Cuenca, aqui a desempenhar (a vida é difícil para todos) o papel de agência de rating do social very light.

Ah! Para eles, na Llorente y Cuenca, Portugal tem futuro, o qual estará nas mãos da Mariana, do Adolfo e do Carlos. Ok. É uma previsão de risco.

Norberto Pires escreve ao sábado, semanalmente

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