No meio do futebol, dos meninos tailandeses presos na gruta, dos problemas do Serviço Nacional de Saúde, das greves dos professores e, localmente, do Sunset, passou de forma discreta a visita a Portugal do Príncipe Aga Khan, líder espiritual dos ismaelitas, uma corrente do xiismo.
Celebra-se o jubileu do Príncipe e acertaram-se pormenores da instalação, em Portugal, do seu gabinete.
Independentemente das vantagens que resultam da acção da Fundação Aga Khan entre nós, este episódio cota o nosso país como um espaço de convívio pacífico entre adeptos de espiritualidades várias. Um adquirido relativamente recente e cujo valor não deve ser apoucado.
Esta notícia recorda que passa hoje mais um aniversário da morte de Alfred Dreyfus ( 1894-1935 ), um oficial do exército francês, que foi o centro de uma intensa polémica que marcou o final do séc. XIX.
Dreyfus, um judeu, foi acusado de traição à pátria e de espionagem a favor dos alemães. Ao que ficou depois demonstrado, a acusação era uma maquinação que tinha como pano de fundo o conflito que se vivia na IIIª República Francesa. Condenado a prisão perpétua e objecto de humilhação pública, Dreyfus veio mais tarde a ser reabilitado, tendo-se levantado a seu favor um conjunto de personalidades. Émile Zola foi porventura a mais destacada delas, através do famoso “J’accuse”.
Ficou sempre no ar a ideia de que as filiações de Dreyfus foram decisivas para a conjura que contra ele se montou. A intolerância religiosa, em geral, e o anti-semitismo, em especial, são histórias antigas.