Como se não chegasse a situação de austeridade severa imposta por uma Troika cega à Grécia e que a arrastou para uma crise social sem precedentes, a semana passada, um incêndio em território circundante a Atenas devastou populações e vidas fazendo-nos reviver a nossa própria tragédia através de imagens e relatos reais.

Os incêndios de Junho e os de Outubro de 2017 e as imagens agora de Atenas obrigam-nos a constatar a inevitabilidade da tragédia quando em condições extremas climatéricas, em que o Homem muito pouco pode fazer, mesmo estando munido de meios e tecnologia de combate a incêndios. A resiliência dos territórios nestas situações é quase inexistente. Por outro lado, sobressai a sua vulnerabilidade restando como testemunho da fúria das chamas cinzas apenas. Ao reacendimento da nossa memória pela tragédia da Grécia opõe-se também a sua reação governativa, bem distinta da nossa e da qual só tempo poderá dizer se a mais adequada para as populações, pois por cá, fazendo um esforço titânico de apoiar toda a reconstrução temos vivido o sobressalto dos “casos e casinhos” com que tentam denegrir a nobre solidariedade estatal e particular.

Depois de se “queimar” a economia grega queimou-se agora uma parcela da esperança…é a tragédia Grega, parafraseando a cantora Maria Bethânia (…) Ali onde eu chorei qualquer um chorava (…) levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima (…).