A Galiza tem vários aeroportos desertos e uma dívida significativa após inúmeras obras faraónicas que se repetem também em Sta Cruz de la Palma e outros lugares dessa Espanha onde o vício do investimento público sem estratégia e sem olhar aos custos em pessoal e manutenção nos obsequiaram com infraestruturas semi-desertas. Portugal tem três grandes aeroportos internacionais e vários mais pequenos para aviação desportiva, lazer, escolar e ainda militar. Há ainda o caso de Beja onde há pista, mas não há aviões.
Lisboa é um magnífico aeroporto com constrangimentos de má gestão muito para lá da falta de espaço. O problema do actual aeroporto é a sua falta de pessoal adequado, a rotação de pessoas e a formação e maquinaria em condições. A gestão privada tem redundado numa perda de qualidade e numa intensa falta de quadros possivelmente porque a remuneração é medíocre e o incentivo é baixo.
Com os corredores todos abertos, com a presença de mais de cem balcões, num tempo em que muitos clientes já fazem tudo informaticamente e em máquinas automáticas, o que estamos a percepcionar em falhas e atrasos é devido a instituições públicas deficitárias de gente como o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, a PSP e o pessoal de controle de bagagens e pessoas nos embarques. Lisboa está entregue a uma mafia de que constrói a realidade para depois tornar inevitáveis decisões de gastos faraónicos.
Não sei quem são estes artistas, mas imagino-os sentados a uma mesa de um bom restaurante a decidir como obrigar o Estado a gastar milhares de milhões que lhes calharão nos bolsos. Há políticos, empresários e financeiros, todos a gozar com o dinheiro dos impostos e a amassar os salários miseráveis dos portugueses. Eles decidem fazer uma via inteligente no IP3, um aeroporto novo em Lisboa, vender a EDP aos Chineses, vender a TAP, oferecer parcerias para fazer autoestradas carregadas de portagens, montar esquemas de negócio onde são sempre eles os beneficiários das necessidades que ajudaram a produzir.
Parece uma teoria da conspiração mas é uma realidade frequentemente trazida ao cinema e por vezes com enredo policial e jornalístico. A PT faliu de uma “necessidade” que envolvia uma Ongoing, que se financiava em bancos privados, onde muitos tinham acções que iam buscar à CGD. O BES e o BCP financiaram o Aprígio da Figueira da Foz que perdeu 500 milhões de euros. O Dr Vara está a caminho da cadeia após dar milhões de créditos mal parados a tipos que compraram a Comporta. Não me admirava se um Aprigio considerasse importante construir um aeroporto em Coimbra e outro em Lisboa.
Não me admirava que um Vara lhe pagasse esse trabalho, e que algumas concessões da obra fossem depois para amigos do BES e do BCP. Os nomes repetem-se e encontram-se com frequência, a teia da ineficiência das estruturas que gerem mal, carrega a necessidade de novas instituições e estruturas que serão entregues em obra aos mesmos e depois à gestão dos próprios, que já antes geriam mal e conduziam à “necessidade”. Zenal Bava é bom exemplo – um nome que atravessa PT, Sirespe, Bes e recebeu milhões de euros de prémios da desgraça que nos deixou. É importante e deve ser moderno e é essencial são três palavras vazias, sem qualquer facto que as solidifiquem, mas surgem no discurso de muitos com uma frequência perigosa.
Confesso que preferia ver o salário mínimo português nos oitocentos euros e nenhuma obra pública durante os próximos quinze anos. Arranjar, manter, dignificar, tornar eficiente, exigir resultados dando meios para que eles surjam, verificar e avaliar a gestão dos investimentos, contabilizar resultados, seriam as apostas da próxima década e meia.
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