Opinião: Elséve Costa, 2 em 1

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Já tínhamos percebido que, para António Costa, as opiniões são uma questão de tempo e de lugar. Ainda não se lhe conhecia uma opinião sobre a eutanásia, mas agora, feitas as contas com o PSD, era a favor.
Esteve calado quanto a Sócrates e, quando o silêncio se tornou opressivo, veio dizer que sempre esteve na linha da frente do combate à corrupção. Quando perguntado sobre o discurso demolidor de Ana Gomes no Congresso do Partido Socialista, disse que se trata de uma ilustre deputada europeia…. e pensou…. «ninguém disse àquela camarada que não era para apertar tanto o Sócrates…??».
Sócrates, realmente, é muito mais do que uma enorme pedra no sapato do nosso Primeiro-Ministro. Ganhou duas eleições gerais, uma delas com maioria absoluta, enquanto António Costa não ganhou nenhuma. Todos temos a sensação de que Sócrates está a “cozinhar” Costa em lume brando, esperando o momento certo para lhe recordar algumas reuniões e alguns telefonemas do tempo em que eram amigos… Não sei, é a sensação que dá…
Costa já percebeu que não vai lá pelo carisma…, pensa que vai lá antes pelo ardil… e então saiu-se com esta frase interessantíssima: «o Partido Socialista também é capaz de equilibrar as finanças públicas!!»; Sampaio deu um pulo no sofá: «então aquele rapaz não sabe que há mais vida para além do défice??»; Catarina voltou-se para Mariana: «vai dar-nos cabo do canastro, está visto»; Jerónimo exclamou: «eu sempre disse que não devíamos ter assinado nada com este gajo»; Rui riu-se: «olha, olha, aquele a chegar-se para cá…»; Passos lamentou: «já podias ter dito… podíamos ter sido tão felizes os dois…»; Centeno desabafa: «O PS a equilibrar as contas? … essa é boa!»; Marcelo sussurrou: «um incendiário, …este António».
A todos eles, a todos nós, Elséve Costa responde: «ouçam bem as minhas palavras, eu disse “também”, “também”, percebem?!» Percebemos, percebemos: há o Costa que «lava» e o Costa que «amacia». 2 em 1! É um enigmático “também” … até porque, como todos vemos – e ouvimos de Bruxelas – as contas estão longe de estar equilibradas.
Em Bruxelas, o senhor Moscovic, que não é russo, mas francês, veio do alto da fleuma de comissário europeu alertar (palavra terrível…) para o facto de que Portugal deve continuar o esforço de contenção da despesa em certas áreas, como na saúde, por exemplo, se quiser cumprir as metas do défice. Que estranho? Então ele ainda não experimentou o famoso champô?

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