Começou esta semana uma nova fase de combate a incêndios e de acordo com a Directiva Operacional da Protecção Civil para 2018 deviam estar operacionais mais de três dezenas de meios aéreos. Só que não estão. Talvez durante a próxima semana, o que sempre é mais rápido do que a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, I. P., que irá fazer a análise integrada, o planeamento e a coordenação estratégica do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR), e que foi criada logo a seguir às tragédias que vitimaram mortalmente mais de uma centena de portugueses no ano passado, mas que só irá entrar em funcionamento em 2019.
Já os famosos helicópteros e aviões de combate aos incêndios, só em Dezembro de 2017 é que viram lançado o concurso internacional com vista à sua contratação. O que se conseguiu foi manifestamente insuficiente, pois foram contratados 10 helicópteros, a que acrescem 3 aeronaves do Estado, para distribuir entre Vale de Cambra, Fafe, Macedo de Cavaleiros, Castelo Branco, Lousã, Monchique, Guarda, Baltar, Sardoal, Arcos de Valdevez, Loulé, Viseu e Vila Real. Mesmo assim, só há dias obtiveram o visto do Tribunal de Contas. Feitas as contas, temos 13 meios aéreos disponíveis a 15 de Maio. Deviam ser 32.
O governo fez novo concurso em Março deste ano e novamente falha nos helicópteros, tendo somente contratado os aviões. Ficaram a faltar 28 helicópteros. No início de Abril choveram acusações de cartelização dirigidas às empresas portuguesas e, talvez por isso, alguém há-de ter visto uma oportunidade de negócio e de imediato o governo tratou de conduzir um ajuste directo destinado à contratação de 20 helicópteros a uma empresa italiana, esta sim acusada na justiça desse país de cartelização. Pior, parece que nem os helicópteros tinha para oferecer, o contrato não chegou a ser assinado e nenhum responsável político explicou o sucedido. Ao mesmo tempo, e também por ajuste directo, várias empresas de toda a Europa foram convidadas para um ajuste directo dos 8 helicópteros em falta. Outro fiasco.
Em resultado, o governo decide-se afinal pelas empresas portuguesas – as mesmas que tinha acusado de cartelização – e anunciou esta semana a contratação dos 28 meios aéreos em falta, processos estes que durante a próxima semana devem ficar finalizados, mas que ainda têm de obter o visto do Tribunal de Contas. O primeiro-ministro já veio dizer que eles vão operar sem esse visto, mas não deixa de ser grave a falta de planeamento e os malogrados concursos e ajustes directos sem explicação. Quando se esperava que nada falhasse, chegamos a 15 de Maio e não há meios aéreos suficientes. Tal como no ano passado, há responsáveis que mais parece que jogam com as estatísticas e que esperam que nada aconteça até que os meios aéreos previstos estejam mesmo operacionais.