Opinião: Assobiar para o lado!

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O País está a passar uma fase estranha. No defeso de mais um congresso, segundo parece , “meramente por acaso”, o Partido Socialista resolveu vir queimar na praça pública aquele que antes foi o seu grande mentor do século XXI. Aquele que, nem mais nem menos, foi o principal responsável do resgate financeiro de 2011, na circunstância de mais de 20 pessoas do atual governo, incluindo Ministros e Secretários de Estado, terem feito parte da estratégia política que conduziu ao desastre.

Depois de anos a defenderem as políticas do então Governo, há agora uma tentativa de deixar o ex-PM agarrado à sua sorte porque, agora , é conveniente. Isto nada tem a ver com justiça, tem a ver com política, e é importante que haja clarificação sem panaceias. Este PS é o mesmo PS de então, com outro Secretário-Geral, mas com os mesmos protagonistas, salvo uma ou outra excepção.

As políticas foram caucionadas por todos, pelo menos, por todos os que não se demitiram por não concordarem com políticas em que o Estado se endividou e o défice público foi para níveis superiores a 10%. As políticas que levaram à destruição da PT tal como a conhecíamos, os jogos perigosos entre BES, EDP e PT, ou, os empréstimos sem escrutínio da CGD.

Hoje, sabemos que são muitos milhares de milhões de Euros do erário publico. Mas, também sabemos quem defendeu essas políticas e quem as suportou. E isto não foi responsabilidade de uma só figura. Estamos a falar de política, de responsabilidade política. E sobre essa, não temos ouvido grande coisa. Mas, enquanto cidadãos, é essencial que isso seja discutido, sobretudo, agora, que o PS acordou para a vida, “por acaso”.

Claro que não são todos iguais. Claro que há gente boa e capaz no PS, mas desse enquadramento também deverá fazer parte a assunção de responsabilidades porque é bom perceber para além das banalidades, se se continuam a rever nas políticas nacionais realizadas entre 2005 e 2011.

O segundo tema que , independentemente de se gostar ou não de futebol, como cidadãos, nos deixou atónitos, são os acontecimentos pelas bandas de Alvalade e Alcochete. Aconteceu o impensável. Adeptos ou, melhor, pessoas com sérios problemas de adaptação social e radicais sem equilíbrio mental, entraram nas instalações do Sporting e agrediram jogadores e treinadores. Perante tal atrocidade, o Presidente eleito pelos sócios sportinguistas, cujo poder até foi reforçado, numa Assembleia Geral recente, veio dizer que “foi chato, mas que o crime faz parte do dia-a-dia”.

Como ? Como é possível que pessoas com esta estrutura possam chegar a estas posições, eleitos sucessivamente? Dirão, isso é a democracia. Concordo. Mas, pelo menos, que estes exemplos sirvam para que todos reflitamos sobre o modo como escolhemos, como analisamos, como aprofundamos as nossas opiniões, e, finalmente, como exercemos a nossa cidadania. Nem tudo o que parece é. Nem sempre o que é mais imediatista, é o melhor para a sociedade. Seja ganhar um mero título no futebol, seja ter um lugar político.

O mais importante são os valores que queremos ter e pelos quais queremos ser reconhecidos. Esta semana que passou, andei pela Ásia. E em Hong Kong, o Diretor de uma das empresas nossas clientes, perguntou o que se passava em Portugal. Lá lhe expliquei o que está a acontecer, mas confesso que , como cidadão Português, não foi uma situação confortável. Ou seja, estes não são assuntos do partido A ou B, dos sportinguistas ou dos benfiquistas. Cada um desses grupos deverá assumir as suas responsabilidades, quem de direito deverá exigir explicações e confrontação pública , mas tudo é demasiado grave, para assobiar para o lado.

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