1. Vários deputados do PSD anteciparam o que poderá ser a posição das Infraestruturas de Portugal, sobre a solução para o atual IP3 entre Coimbra e Viseu que, afinal, não deverá ficar com perfil de Auto-Estrada. O Estado e a região deverão ter prioridades, mas parece que o óbvio não é relevante. Seja por razões de segurança rodoviária, considerando as centenas de acidentes e as dezenas de mortes e feridos, seja por razões de desenvolvimento regional, com efeitos positivos sobretudo para o triângulo formado por Coimbra, Viseu e Aveiro, esta estrada deveria ter um perfil adequado às exigências da orografia e do tráfego que possui, com total proteção para os cidadãos que a frequentam. Este é o tipo de notícia incompreensível. Este é o tipo de notícia que ainda não foi tornada pública provavelmente porque se espera pelo momento político mais certo. Este é o tipo de notícia que não deveria existir, revelando que esta é uma reivindicação somente localizada em Viseu, o que, a ser verdade, revela uma miopia de desenvolvimento atroz. Ainda tenho esperança que não seja verdade porque é essencial aproximar o espaço regional.
2. Com ar de cerimónia, o PSD e o Governo assinaram acordos sobre descentralização e fundos estruturais. Sou a favor de acordos de regime que obviamente ultrapassam posições conjunturais e partidárias, mas, daí, ao show-off de uma quase cerimónia pública, já não compreendo. O PSD pode e deve fazer acordos sobre matérias estruturais, mas não tem de o fazer em São Bento, à mesa com o PM. Sou dos que pensa que o simbolismo tem importância, até porque estes já eram assuntos cujo percurso para chegar a acordo político , estavam a ser discutidos há algum tempo. Em síntese os acordos são óbvios , mas o modo, a intensidade e o local são muito mal escolhidos, porque não há necessidade de tanta reverência.
3. O Governo resolveu também declarar o fim dos cortes de salário dos gabinetes dos políticos. Sou a favor de que os políticos devem ser competentes e bem pagos, com o devido enquadramento social e económico. Estranho, no entanto, esta prioridade, neste tempo, após tanta evidência sobre o modo como o Estado se organiza e se comporta perante os cidadãos. Parece-me, falando em simbolismos, que há uma troca de prioridades e um erro político crasso, considerando que o Estado continua depauperado, constituindo a sua dívida gigantesca, uma quase permanente ameaça sobre a economia.
4. Percebemos também que a redução do défice se fez sobretudo porque os custos financeiros do serviço da dívida pública diminuíram pela diminuição das taxas de juro. Se juntarmos as cativações que segundo a Unidade Técnica de Acompanhamento Orçamental, estão ao nível dos tempos da Troika e que a economia internacional não estará para sempre a crescer, é evidente que o sucesso das políticas é muito relativo. Ou seja, é bom que todos entendamos que a situação está longe de ser tão maravilhosa como a pintam e, deixem-me desabafar, recordo-me bem do que aconteceu há 10 anos.