Opinião: Abril I

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À pergunta “Onde é que você estava no 25 de Abril de 74?”, do programa Conversas Secretas, de Baptista-Bastos, na SIC, parodiado magistralmente por Herman José, eu respondo normalmente: tinha 7 anos, vivia em Angola há quase três, e lembro-me perfeitamente de, ao chegar da Escola, achar curioso ver os “chefes de família” reunidos informalmente, à porta do quintal do meu vizinho, parecendo simultaneamente inquietos mas aliviados, combinando quem iria ao aeroporto (da então Nova Lisboa) saber novidades…

Nos meses seguintes, fui percebendo que as constantes permanências do meu pai junto ao rádio para ouvir os discursos que eram proferidos na Metrópole ditavam um crescente desconforto em relação ao futuro próximo, curiosamente sempre acompanhado de um otimismo que, para muitos dos que connosco conviviam, contribuíram para uma inatividade tão característica do nosso Povo, talvez legitimadora da autocracia dos 48 anos anteriores.

Era provavelmente demasiado novo para me aperceber do total alcance das mudanças radicais que essa madrugada trouxe, mas fui percebendo, nos meses seguintes, que o processo histórico que vivíamos trazia, se pessoalmente muitas contrariedades, desconfortos e descontinuidades, para o País, acima de tudo, Liberdade. O que significa, então, esta Liberdade? Tenho para mim que, sobretudo, Luta (contra), Mudança (de e para), Estímulo (porque) e Desígnio (para quê). Voltarei ao tema na próxima semana.

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