O impacto da tecnologia na organização do trabalho e, em especial, no tipo de empregos futuros é uma das questões sociais, económicas e políticas mais importantes das sociedades atuais. Não adianta querer travar a inovação e o avanço inexorável da tecnologia. A resposta está na educação – uma vez mais! – e na qualificação.
Vale a pena prestar muita atenção na pesquisa The State of iGen. Estudo efetuado em15 países diferentes – dentro e fora da UE – para analisar a reação dos jovens entre os 18-24 anos relativamente às respetivas competências digitais, a sua visão sobre o emprego e a economia digital.
Alguns dos dados mais relevantes, que nos devem fazer pensar (e muito):
– 49% dos jovens portugueses inquiridos dizem que com o desenvolvimento da Inteligência Artificial e do Big Data a maioria dos atuais postos de trabalho serão substituídos por máquinas dentro de 50 anos;
– 17% desses jovens acredita que nunca será capaz de ter a qualidade de vida da geração dos seus pais;
– 52% dos entrevistados pensa que não conseguirá assegurar recursos para a reforma e velhice.
– Mais de um quinto ( 23%) dos entrevistados parece não ter confiança nas respetivas habilidades para assumir qualquer papel futuro num ambiente digitalizado, seja qual for o grau de exigência;
– 68% dos jovens portugueses acredita que a maior luta para a sua geração é encontrar qualquer tipo de trabalho bem remunerado e estável;
e, repare-se, 23% dos jovens portugueses considera programador (coder) a profissão de maior potencial futuro, seguida de marketing ( 21%) e youtuber ( 18%).
Estes números traduzem friamente que é certo que os mais jovens, hoje, sabem ser incerto o respetivo futuro. Têm consciência que acabaram os empregos para uma vida (como nas gerações dos avós e de – alguns – pais); que existe uma ausência de diálogo entre o sistema educativo (especialmente secundário e superior) e as necessidades do mercado de trabalho; que as competências digitais são ainda muito incipientes e, sobretudo, numa ótica do mero utilizador e não do criador/programador donde se extraia um resultado produtivo.
Porém, um terço dos tais futuros empregos ainda não foi sequer criado, a robotização é inelutável e demonizá-la não é solução. Resta assim uma resposta das políticas públicas, com o suporte em parcerias com o setor privado, para a introdução crescente de tecnologia nas escolas de forma programada e essencialmente com o envolvimento ativo dos professores. As competências digitais, atualmente, devem ser encaradas como uma condição “sine qua non” para todo tipo de profissões e não apenas as relacionadas com as TIC, assim como para as diversas faixas etárias.
Se há acordo de regime urgente é neste domínio. O futuro chega mais rápido do que se pensa e a tecnologia não espera!