Opinião: Coimbra e o Centro X 3!

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Três assuntos diferentes com Coimbra e a Região Centro pelo meio. O primeiro deles para homenagear, a título póstumo, um enorme Professor de Direito, um cidadão de Coimbra que foi exemplar e, com certeza, uma pessoa sensível e com sentido crítico apurado. Escrevo sobre o Professor Calvão da Silva que, esta semana, nos deixou , mas cuja vida, a nossa cidade saberá honrar.

O segundo assunto é a conferência que José Sócrates veio fazer a Coimbra, na Faculdade de Economia. É discutível a pertinência, até porque a ideia seria falar-nos sobre a crise das dívidas soberanas e as suas consequências para o nosso País. Trazer o protagonista da crise não trouxe nenhuma novidade, além do facto de que a pessoa em causa está acusada por mais de trinta crimes, ser um ex-PM e, pelos vistos, não ter simpatia pelo recato, pelo menos, até que tudo se esclareça nas instâncias próprias. Mas, o importante foi ouvi-lo dizer que a culpa da crise foi do governo do PSD/CDS-PP liderado por Passos Coelho.

Conseguir afirmar tal coisa sem se rir, é notável. O ex-responsável em causa assinou um Memorando de Entendimento com a Troika cheio de compromissos em várias áreas, a troco de um empréstimo de 78 mil milhões de Euros que, literalmente, nos livrou da falência, uma vez que não havia reservas para continuar a pagar salários na função pública, por exemplo. É certo que já sem José Sócrates, em plena execução do referido Memorando, o Partido Socialista assobiou para o lado e fez de contas que o dito compromisso não era nada com eles. Risível é vir explicar que as ditas medidas assinadas pelo próprio, aplicadas pelo Governo que entretanto ganhou eleições é que ditaram a crise. De qualquer modo, independentemente de algumas excitações ideológicas, a história encarregar-se-á, com a devida equidistância, de trazer racionalidade à discussão sobre a atuação de quem teve de governar nesses tempos.

O terceiro assunto é sobre o relatório dos incêndios de Outubro que se abateram sobre a Região Centro. Não li o relatório. Li as conclusões de forma rápida. Este relatório foi construído por um conjunto de pessoas avalizadas, técnicos com competências em várias disciplinas que interessam trazer para a análise dos ditos incêndios. Uma das conclusões nucleares é que as Autoridades não tiveram em linha de conta, as previsões meteorológicas que se adivinhavam radicais , não tendo respondido com os meios preventivos necessários. Um relatório técnico desta tipologia deve ser cuidadosamente estudado , de modo a gerar medidas para evitar tragédias similares no futuro. Porquanto, a reação de um ex-governante , menos de 24 horas depois da apresentação do dito, sobre um incêndio que matou dezenas de pessoas, revela o quão longe ainda estamos de ser uma democracia madura.

Mas, é o que temos. E também o que vemos, é que a Assembleia da República é o último reduto destes demissionários, como se aquela instituição não merecesse a mesma dignidade e respeito de qualquer outro cargo público. E, finalmente, ocorreu, no sábado, uma campanha de limpeza de florestas (?) participada por uma dezena de governantes, incluindo o Primeiro-Ministro. O simbolismo da participação para a difusão da importância da limpeza florestal é compreensível.

O que já não é compreensível, a julgar por verdadeiras, são as notícias que vieram a público sobre o facto dos sapadores e militares que trabalharam, receberem dois dias de férias, como compensação. Dito de outra forma, se tivéssemos um Estado que olha racionalmente para os seus custos, isto jamais ocorreria, mas como parece que já estamos em campanha (eleitoral) , os contribuintes pagam. Como diz o Presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, passo a citar, “é absolutamente ridículo!”

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