O presidente da Associação Portuguesa do Sono alerta para a falta de respeito pelo sono que há em Portugal e afirma que esta desvalorização é o que mais afecta a sua qualidade.
Joaquim Moita refere que, em Portugal, existe “uma cultura enraizada” de dormir pouco e sem regra e que o sono ainda não é valorizado como essencial à nossa saúde e bem-estar.
“Achamos que trabalhar é mais importante que dormir. Mas depois qual vai ser a rentabilidade no trabalho? O que é que se produziu do ponto de vista físico e intelectual? Se não dorme oito horas, a rentabilidade é mais baixa, e as empresas regem-se cada vez mais pela rentabilidade do que pelo número de horas”, frisou. Deu como exemplo a seguir o caso de Cristiano Ronaldo que não dispensa oito a nove horas de sono por dia.
Para um sono de qualidade é recomendado dormir sete a oito horas por dia e deitar-se sempre à mesma hora, mas refere que ao fim-de-semana pode dar-se um desconto de uma hora.
Alerta ainda para os efeitos do estilo de vida atual na qualidade do sono. A luz azul dos computadores, smartphones e televisões, à noite, inibe a libertação da melatonina (hormona associada ao sono que é produzida na escuridão), o que afeta a qualidade do sono.
“Dormir é uma perda de tempo?”
Para celebrar o Dia Mundial do Sono, o Exploratório – Centro Ciência Viva recebeu na sexta-feira a sessão “Dormir é uma perda de tempo?”.
Organizada pela Associação Portuguesa do Sono (APS) e pelo Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra (CNC), o encontro destinou-se a alunos de uma escola do 1.º ciclo.
Contou com a participação da médica pediatra Maria Helena Estêvão, da APS, e de Ana Rita Álvaro, investigadora do CNC.
A sessão incluiu a projeção de um pequeno filme e um momento para perguntas e respostas. O video procura sensibilizar a população para a existência do relógio circadiano e alertar para a importância de respeitar o seu ritmo para ter uma vida saudável.