Opinião: Quem tem medo do robô mau, robô mau?…

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Mais de 5 milhões de pessoas ficarão no desemprego até 2020, de acordo com o Fórum Económico Mundial. Entre 5 a 10 anos, a robótica poderá fazer desaparecer mais de 10 milhões de empregos. Um em cada três empregos poderão ser substituídos por automação, por robôs. Daqui a 25 anos, cerca de 47% dos empregos que conhecemos terão desaparecido.

Com o desaparecimento destes postos de trabalho e com o consequente aumento do desemprego, que soluções existirão para a coesão e a sanidade sociais e económicas? Quais as respostas que teremos para os milhões de pessoas que ficarão afetadas, direta e indiretamente? A situação é preocupante. No entanto, acredito que possa ser uma excelente oportunidade para uma reestruturação social mais humana, ecológica e próspera. Paradoxo? Julgo que não…

Todos seremos afetados. Não haverá um único setor livre da robótica, da automação e da tecnologia inteligente. Na medicina e na enfermagem, uma grande parte das intervenções cirúrgicas (mas não só), será efetuada por robôs de alta precisão. Na engenharia, na construção, na indústria, na agricultura, na higiene e na limpeza, na salubridade, no atendimento ao público, no comércio, na tomada de decisão, no aconselhamento e na consultoria… Não haverá um setor livre dos robôs e das tecnologias inteligentes. Se, por um lado, o medo da incerteza e o drama humano do desemprego são e serão realidades a curto prazo, por outro, temos obrigação de definir estratégias de superação.

Estas novas forças de trabalho necessitarão de acompanhamento, monitorização, reparações, reprogramações. Estarão sujeitas a avarias e falhas. Os seres humanos continuarão a ser necessários, evidentemente. A adaptação é uma oportunidade. O aumento dos lucros das grandes empresas deverá ter um retorno para a sociedade. O desemprego poderá dar lugar a novos modelos de estado-social – desde logo, através do Rendimento Básico Incondicional. Será inevitável.

Pelo menos enquanto a humanidade estiver sob o jugo do sistema monetário e financeiro. Gradualmente, assistir-se-á a uma diminuição do consumo e, como consequência, à diminuição dos índices de poluição. A família e as relações humanas serão valorizadas e o tempo terá as prioridades que lhe quisermos definir e que estará muito para lá da azáfama da sobrevivência.

Os horários noturnos, os turnos, os fins de semana, o próprio horário de trabalho, várias atividades e postos de trabalho menos dignificantes poderão e serão desempenhadas por máquinas. Os custos do Estado com saúde, educação, cultura, justiça, apoios sociais, administração e funcionamento, serão gradualmente reduzidos. De forma natural.

Emergirá uma valorização natural dos sentimentos, dos afetos e das emoções: únicos elementos capazes de gerar cultura, conhecimento e criatividade. Um conjunto de oportunidades para uma sociedade mais equilibrada e mais harmoniosa se nos apresenta.

Estarão os nossos decisores à altura de iniciar um novo ciclo sem o olhar e o pensamento carregado com dogmas e resistências do passado? Estarão à altura de uma nova cosmovisão?

Tenho a certeza que sim. Nem que seja por indolência e atonia.

E até lá tenhamos coragem… O que descrevo genericamente acima, já não será para mim…

Não tenho medo dos robôs. Tenho medo, sim, das decisões que os seres humanos irão tomar.

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