José Afonso Baptista

Continuam a discutir-se com vigor anualmente renovado os exames e os rankings das escolas como se estivesse aqui a justiça suprema do sistema educativo. “As escolas são todas diferentes, mas os exames são iguais para todos”, afirmava alguém num dos periódicos mais envolvidos. Esta verdade inquestionável não esconde outra verdade evidente: é que os avaliadores dos exames também são todos diferentes. Os avaliadores são pessoas, não são balanças afinadas e infalíveis que avaliam cada prova com critério igual. Cada avaliador tem variações de acordo com o momento, o humor, a fadiga e muitos outros fatores. De avaliador para avaliador as variações multiplicam-se. Os resultados dos exames são o resultado desta multiplicidade de variações.

Os professores e as escolas acompanham e avaliam os alunos ao longo de quatro, nove, doze anos. Registam os dados da sua progressão. Conhecem o seu perfil, a sua evolução, os seus pontos fortes e fracos. Ao longo de doze anos puderam ver o seu trabalho e as suas produções, as suas competências e vocações, os requisitos para a escolha do rumo a seguir. Trocamos doze anos de informação segura e fiável pela prova aleatória de um momento.

Nós professores sabemos que é assim. Mas há quem não queira saber!