1. Numa recente visita a Coimbra, o Secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, deu a conhecer que a coleção de fotografia do Novo Banco ficará instalada no Convento São Francisco. Trata-se de uma coleção reconhecidamente valiosa. Embora se continue sem saber o que os responsáveis municipais pretendem exatamente para o Convento São Francisco – se é que eles próprios o sabem — a instalação, a título definitivo, de tal coleção é uma excelente notícia, constituindo relevante mais valia para a Cidade que tem, como é sabido, larga e qualificada tradição nas artes visuais e, especialmente, na fotografia.
2. Destaca-se a esse propósito, como não podia deixar de ser, o Centro de Artes Visuais (CAV), importante equipamento municipal sob gestão da Associação ‘Encontros de Fotografia’ presidida por Albano Silva Pereira, e que, na ocasião, o Secretário de Estado visitou. Visita acompanhada pelo Presidente e Vereadora da Cultura da CMC e que se espera não tenha sido meramente circunstancial, mas tenha servido antes para uma séria tomada de consciência das dificuldades logísticas e financeiras da instituição e para desbloquear os meios indispensáveis a ultrapassá-las. Não é admissível que a CMC continue a ignorar, como o tem feito desde há anos, os reais problemas existentes e se demita de os resolver, quando é seu dever fazê-lo. Como não é admissível que, apesar das promessas, por falta de financiamento, de todo incompreensível, Coimbra e o país continuem privados de uma nova edição dos Encontros de Fotografia que constituíram, anos atrás, acontecimento cultural de grande relevo nacional e internacional.
3. O desígnio de Coimbra se mobilizar para ser a Capital Europeia da Cultura em 2027 foi, ao que me recordo, pela primeira vez defendida pelo arquiteto Nuno Grande, em julho de 2014, num evento organizado pelo CPC sob o lema “A cidade do futuro: Coimbra 2030”. A ideia defendida a partir daí em vários momentos de intervenção quer na Câmara Municipal, quer na Assembleia Municipal, mereceu a sobranceira indiferença dos responsáveis municipais! Finalmente, no decurso da passada campanha eleitoral, parece terem esses responsáveis acordado para a ideia. Como mais vale tarde que nunca, é de louvar que o tenham feito. Como é de aplaudir a proposta de uma candidatura regional conjunta com Leiria que, pelos vistos, já tem o processo adiantado. Desconheço, em concreto, o que foi proposto e como. Mas a reação publicada do vereador da cultura da Câmara Municipal de Leiria é, no conteúdo e na forma, totalmente despropositada. Afinal, independentemente de quem pensou primeiro no assunto – isso seguramente não dará direito a qualquer medalha— o mais importante não será que duas cidades de dimensão humana semelhante, distantes entre si 60 km e integradas no mesmo contexto regional, possam protagonizar uma candidatura qualificada, coesa e ganhadora? Sabe-se que o bairrismo é, por natureza, autossuficiente e arranja sempre desculpas para a divisão. Sabemos também que Coimbra nem sempre se tem portado bem com os seus vizinhos, agindo em relação a eles com sobranceria e arrogância. Mas isso não justifica que se perca esta oportunidade. Creio que ainda é tempo de os principais responsáveis de ambos os municípios recuperarem e dinamizarem a ideia.
4. A Cooperativa Semearrelvinhas vai comemorar no próximo 24 de fevereiro, sábado, o 43º aniversário da Associação de Moradores da Relvinha. É um acontecimento de relevo que aqui saudamos com admiração e entusiasmo. Logo a seguir ao 25 de abril, um punhado de homens e mulheres corajosos e solidários, à frente dos quais se encontrava Jorge Vilas, lançou mão ao arrojado projeto de construir uma casa condigna para quem ali vivia em condições de habitação deploráveis. A partir daí a obra nasceu e consolidou-se, mau grado toda a sorte de dificuldades. E hoje, para além do relevantíssimo património construído, incluindo um espaço social, sobressai a ideia de fraternidade e solidariedade que lhe esteve na origem. Bem hajam.