Opinião: Coimbra, como Londres, uma das melhores cidades do mundo?

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É assim que Londres se apresenta ao mundo: “London, one of the greatest cities on earth”. E é, de facto, uma das cidades mais excitantes do mundo. Posso ser faccioso, pois gosto muito de Londres, mas o meu top10 tem cidades como Nova York, Istambul, Rio de Janeiro, Lisboa, Córdoba, Veneza, Havana, Londres, Paris e Madrid. Muitas outras, como Viena, Florença, Boston, Lima e a cidade do México vêm logo a seguir. Todas são cidades de dimensão muito superior a Coimbra, com a exceção, talvez de Córdoba. Mas Londres, é a cidade de que vos queria falar e com ela fazer um comparativo com Coimbra (uma cidade de que gosto muito, mas cuja atitude displicente me desespera). São em tudo muito diferentes, pelo que comparar estas duas cidades, com recursos e realidades tão diversos, parece um bocadinho descabido. Na verdade, as duas cidades têm 1 ) Dimensão muito distinta; 2 ) Londres é uma das capitais europeias por excelência; 3 ) A atividade e competência da sua gestão é também muito diferente. Então o que há a dizer? Londres, apesar de tudo isto, da visibilidade, da dimensão, etc., aposta fortemente na capacidade de instalar empresas, atrair empreendedores, mostrar que a cidade se preparou para o investimento, que pensa nele, que o deseja… investe fortemente nessa vertente – tem programas específicos -, não atua como se as coisas fossem suas por direito, nem como um Lord que tem tudo e não precisa de mais nada. Londres aposta no futuro, com humildade, com vontade de se renovar e percebendo bem o mundo competitivo em que vive.
É tudo organizado para tornar a cidade atrativa e justificar a pretensão de que é o local certo, vibrante, para instalar pessoas e atividades de ponta: percebe que a atividade económica, a capacidade de gerar recursos financeiros é essencial para tudo o resto. Por isso, a atividade cultural fervilha em diversidade e qualidade, revela vivência, conhecimento e preparação, apostando em manifestações culturais de todo o mundo.
A história da cidade, do país e do mundo estão presentes um pouco por todo o lado, os museus refletem essa capacidade de mostrar e de ensinar (nas mais diversas áreas, incluindo as científicas e tecnológicas), a oferta de teatro, música e outras formas de expressão artística é tão rica e diversificada que é possível fazer e ver uma coisa diferente todos os dias.
A gastronomia muito diversificada e de todo o mundo, os bares e o gosto pela noite, as ofertas formativas em todas as áreas e em todos os níveis, o espaço cuidado, os transportes organizados e muito diversificados, a capacidade de sair e entrar das mais diversas formas, mostram que Londres se preparou para agradar e para ser um local de eleição para viver, trabalhar, aprender e passar momentos fantásticos.
Apesar de tudo isto e da visibilidade mundial, por ser a capital do Reino-Unido e uma das mais importantes cidades da Europa, Londres não se senta à sombra do sucesso conquistado e espera que venham ter consigo. Procura as empresas, atrai-as com pacotes desenvolvidos à medida, acompanha o investimento, acompanha a instalação, acompanha a vida das empresas, procura que estejam bem, que fiquem e que recomendem a cidade. Preparou guias para ajudar o investidor: informa sobre os passos a dar, quem é quem e como se estabelece o contacto, qual é a fiscalidade que se pratica no país e na cidade, como se fazem coisas aparentemente simples, mas que consomem tempo, como se podem contratar pessoas e que tipo de profissionais estão disponíveis, qual é a legislação de trabalho, o que têm de fazer para encontrar um escritório, um local mais industrial, etc. Tudo simples, com gestores que acompanham os investidores de forma personalizada. Para além disso, têm um portfólio muito interessante de casos de sucesso, mas também de insucesso, que são excelentes guias para quem se pretende instalar. Em muitos aspetos, este programa da cidade de Londres (gerido pelo município), denominado “London Invest: Set up and grow in London” é muito parecido ao programa “Invest Centro” que procurei dinamizar na CCDRC, em 2012.
Comparem com Coimbra, a cidade que já quis ser capital de tudo sem ser consequente com esses desejos, que se comporta como uma muito pouco humilde Aristocrata falida e que, por alguma razão misteriosa, desenvolveu a ideia de que os outros é que a têm de a procurar. Ficou, portanto, só com a sua vaidade e falta de humildade e não parece ter a noção do caminho de degradação e insignificância que está a seguir.
O “London Invest” ajudou, só em 2017, quase 300 empresas internacionais a instalar-se em Londres. Compare com Coimbra. Veja a diferença de atitude, de comportamento e de preparação para o investimento. Custa aprender?
(ver referências na web em http://www.jnorbertopires.pt/2018/02/02/londres/)

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