O antigo ministro do PSD, Arlindo Cunha, mostrou-se ontem “assustado” com as assimetrias no desenvolvimento do litoral e do interior e alertou que, se nada for feito, “daqui a menos de uma geração”, muitos dos territórios do interior podem desaparecer em termos populacionais.
“O nosso país como [um] todo está à beira do abismo. Está a dirigir-se para uma situação em que daqui a duas gerações, se calhar, podemos ser seis a sete milhões. E, em segundo lugar, os territórios do interior, daqui a menos de uma geração, podem muitos deles desaparecer em termos populacionais. É algo, de facto, assustador”, disse ontem Arlindo Cunha, que foi ministro da Agricultura de Cavaco Silva e ministro das Cidades de Durão Barroso.
O economista falava na IV Academia do Poder Local, que decorre na Guarda até hoje, por iniciativa do PSD e dos Autarcas Social-Democratas (ASD), onde abordou o tema “Descentralizar para promover um Portugal mais equilibrado”.
Segundo Arlindo Cunha, nos últimos anos, o PSD “perdeu duas grandes bandeiras”: a da agricultura e a do mundo rural, que “perdeu para o CDS”, e a da descentralização, que “foi sempre uma matriz fortíssima de identificação do PSD” e que passou para o PS.
Com o novo líder eleito, Rui Rio, considerou que o partido “está em condições de voltar a levar” a bandeira da descentralização de competências do poder central para o regional, porque “é um fator identitário” dos social-democratas “desde o princípio”.