Este início de ano tem sido muito intenso. Até parece que a passagem de ano foi há muito tempo e que as promessas de Ano Novo, por manifesta falta de tempo, já só podem ser cumpridas no próximo ano, pois à velocidade que este anda, 2019 vai chegar num instante. E assim se adiam (mais uma vez) as promessas cheias de boas intenções.
O ano tinha acabado em stress, com o Presidente da República a ser operado de urgência a uma hérnia umbilical e a lei do financiamento dos partidos embrulhada como presente de Natal. Contudo, Marcelo Rebelo de Sousa teve alta mesmo a tempo do Réveillon e o veto presidencial da dita lei era quase certo, o que se veio a confirmar. Respiramos de alívio e a passagem do ano correu sem surpresas e com as habituais promessas feitas enquanto se comem passas à meia-noite.
Ainda estávamos a encher o peito de ar e a ganhar coragem para começar a deixar de fumar ou iniciar os treinos no ginásio e já Pedro Santana Lopes debatia com Rui Rio, acendendo uma luz de incerteza sobre o desfecho da contenda eleitoral do PSD. Com o resultado eleitoral anunciado, abriram-se as garrafas que tinham sobrado da festa de Fim de Ano na sede de campanha de Rui Rio, e não só.
Por Coimbra, também algumas foram abertas, nem todas cor de laranja, e algumas com o pensamento autárquico no devido lugar, que estas coisas tratam-se com tempo. Para além dos shithole countries e least racist person do Trump, avisos nucleares no Hawaii e a novela da Catalunha, tivemos entretanto mais um incêndio mortal em Tondela, uma Procuradora Geral em risco e a SuperNanny a ferver. Até um tremor de terra abalou Portugal! Com tanta coisa a reclamar atenção, não há tempo para mais nada. Promessas adiadas para o ano que vem, obviamente.
Quem não pode esperar são os Advogados, pelo menos seis centenas deles que se insurgiram num abaixo-assinado contra os aumentos das contribuições para a sua Caixa de Previdência. Foram aumentos brutais, mais parecidos com os dos tempos de austeridade. Depois dos Advogados estagiários em 2015 e da contestação a propósito do mapa judiciário em 2014, não há memória de manifestações organizadas pelos profissionais da advocacia que não podem descontar para a segurança social em substituição da CPAS.
Dos responsáveis da Ordem também não se ouve uma palavra sobre o assunto. Quando se colocava a hipótese de os magistrados fazerem greve, em meados do ano passado, o Bastonário não deixou de dizer que isso descredibilizaria a justiça portuguesa. Agora, os iniciais 600 engrossam as fileiras e já pedem demissões. Uma promessa de diálogo seria bem-vinda neste ano que ainda agora começou.