1. Aqueles para quem o Natal é dor e sofrimento
Debruçamo-nos na última Crónica sobre o Natal das crianças e daqueles que têm o Natal dentro deles e são felizes. Mas o Mundo é feito de contrastes. Há o reverso da medalha. E se alguns conseguem encontrar os caminhos da felicidade, outros há que pelos motivos mais diversos nunca souberam o que é o Natal ou há muito que o perderam de vista.
Uns miseráveis e marginalizados da sociedade, outros na prisão por crimes que os marcam para toda a vida, outros em camas de hospitais, outros desempregados sem saber como alimentar os filhos, outros deficientes em cadeiras de rodas, outros filhos órfãos ou abandonados que nunca conheceram os pais nem o que é o amor maternal.
Olhemos à volta, a nossa Região; as inúmeras vítimas dos fogos devastadores; com familiares que perderam a vida; casas, animais e haveres queimados; empreendedores, com empresas destruídas, lançando dezenas/centenas de pessoas no desemprego.
Olhemos mais perto, a nossa cidade; os sem abrigo, sem família, sem lugar onde ficar; os drogados, os alcoolizados, os viciados, as prostitutas; as famílias mais pobres em casas frias, degradadas; os solitários, cada vez em maior numero, à espera de uma palavra de conforto.
Numa altura em que outros festejam alegremente o Natal, estes, nossos irmãos, quando o Natal chega, são invadidos por um Natal de dor, sofrimento e amargura. O Natal parece que lhes vem reavivar a sua frágil condição humana e lança-los ainda mais no desespero. Como estão errados!
2. A capacidade imanente de contribuir para um Mundo melhor
Estão errados, porque o Natal, com o Deus menino no Presépio, vem, pelo contrário, anunciar-nos a fé, a esperança, a alegria. Anunciar-nos que para além da fragilidade humana, transitória, há sobretudo e acima de tudo, a nossa incontornável e superior condição divina.
Anunciar-nos que todos nós somos filhos de Deus e como tal temos o direito de habitar o Universo com o divino dentro de nós, que nos protege. Anunciar-nos que todos temos o direito à felicidade, à espiritualidade, à imortalidade, à redenção. Anunciar-nos que, seja qual for a nossa condição haverá sempre pessoas mais infelizes que nós e, teremos a cada momento a capacidade imanente de fazer o bem e contribuir para fazer do Mundo um Mundo melhor. Nem que seja com um simples gesto de carinho, uma palavra de amor, um sorriso de ternura!
3. Mensagem de Natal e Ano Novo
Meus companheiros e amigos, os mistérios da vida e da Natureza com milhões de anos de existência, são para todos nós, insondáveis!
E quer tenhamos 5-15-30-60-90 ou 120 anos (uma gota de água quando comparados com a idade do Universo) somos todos crianças.
Porque tal como as crianças, somos incapazes de explicar esses mistérios que governam a vida humana.
Incapazes de explicar porque é que tendo todos nós nascido sob a bênção de Deus, tal como Jesus (lindos, a chorar, a rabujar, a mamar, a dormir ternurentos, a irradiar felicidade à nossa volta), porque é que andando, todos nós, a procurar a felicidade, temos à nossa frente uma sociedade aparentemente tão diversa em termos de felicidade e infelicidade!
Meus caros leitores, o Natal vem dizer-nos a todos sem excepção, à Humanidade por inteiro, que “nunca deixemos morrer a criança que há dentro de nós”. E se assim fizermos, o Natal renascerá amorosamente connosco, e o Ano Novo, com todos os seus aliciantes desafios e projectos motivadores, abrirá à nossa frente, de forma inesperada, os caminhos que ansiosamente desejamos e queremos encontrar”!