Entre 25 e 27 de Setembro de 2015 mais de 150 líderes mundiais reuniram-se e aprovaram, com uma actualização em Abril 2017, os 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável para o nosso Planeta.
Estas deliberações pretendem-se ver cumpridas até 2030, o que nos dá seguramente pouco tempo para pôr em prática aquilo que, embora seja uma recomendação, só a podemos encarar como um sonho. Mas se o “sonho comanda a vida”, então quase será possível acreditar que podemos, à nossa maneira, e cada um por si, alterar o mundo que nos rodeia.
O primeiro dos 17 objetivos – “Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares” – se pensarmos que 836 milhões de pessoas ainda vivem na extrema pobreza, com menos de 1,36€ por dia, imaginamos o quanto caminho não temos de percorrer.
Ouço com a habitual demagogia os partidos de esquerda falarem nos milhões de portugueses que vivem à beira da pobreza; chamo à atenção porque o conceito de pobreza para mim não tem seguramente os mesmos contornos que para o Bloco de Esquerda e PCP. As pessoas não são números, nem uma estatística, e quando avaliamos o seu grau de pobreza não devemos olhar apenas a questões meramente materiais que são, em alguns casos, de levar em conta.
Quando olhamos para a tragédia que se abateu sobre este País em 1967 e vemos nalgumas imagens de então a pobreza extrema a que alguns estavam votados ficamos a ter uma ideia de quanto, de forma gradual, se tem vindo a melhorar as condições de vida da esmagadora maioria do povo português.
Eu próprio estive envolvido num estudo em que, numa cadeira da faculdade decidi fazer um inquérito alimentar, em 1969 na aldeia – terra de meus antepassados, e visitando dezenas de agregados familiares pude constatar o que era a verdadeira pobreza onde o álcool era a única forma de mitigar o bem mais essencial, a fome.
Ao ver as imagens que todos os dias entram em nossas casas através das televisões, destacando os milhões de refugiados que, sem nada, sobrevivem no nada por esse mundo fora, conseguimos perceber que apesar de algumas terríveis exceções, a Europa no seu todo, e Portugal em particular, é um verdadeiro paraíso ao pé desse imenso contingente de crianças, homens e mulheres que se arrastam sem rumo em busca de uma côdea de pão, sendo esse o 2º objetivo – “Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável”.
A má nutrição é responsável, na África Subsaariana, por quase metade das mortes de crianças abaixo dos 5 anos de idade.
Há dias alguém me enviou, via WhatsApp uma mensagem em que se apresentava a estatística do nosso mundo de forma global:
“Se você tem comida na geladeira, roupa no armário, um teto sobre a sua cabeça, e um lugar onde dormir, você é mais rico que 75% da população mundial.”
“Se pode ir à sua igreja sem ter medo de ser humilhado, preso, torturado ou morto, então você tem mais sorte que 3 biliões de pessoas no mundo.”
“Se você guarda algum dinheiro na carteira, tem algumas moedas num cofrinho já está entre os 8% mais ricos deste mundo.”
“Se você nunca experimentou os perigos da guerra, estar preso, a agonia de ser torturado, ou a aflição da fome, então está melhor que 500 milhões de pessoas.”
“Se você possui um computador é 1% das pessoas do mundo a ter uma educação privilegiada.”
Teremos efetivamente neste nosso Portugal alguns excluídos, sendo que muitos deles o são por vontade própria, nomeadamente os sem-abrigo que desistiram pura e simplesmente de viver.
Tenho aí também alguma experiência, que um dia partilharei convosco…
Não sei se atingi os objetivos pretendidos com esta despretensiosa crónica, nem queria que ficasse em alguém a ideia de que não estou preocupado com a pobreza, moral e física, de muitos portugueses, mas queria fundamentalmente deixar-vos uma janela de esperança, no sentido de que apesar de alguns erros de percurso, estamos a caminhar mais do que nunca para uma sociedade em que todos possam ter acesso aos bens essenciais que a todos importa.