Opinião: Agricultura – subsídios comunitários

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Norberto Canha

Fui novamente alertado para a informação de que os subsídios comunitários terminavam em 2020. Onde aplicá-los? Não deverá ser fazendo uma nova rotunda, pintando um edifício, subsidiando espectáculos!…

Esse dinheiro deve ser aplicado na agricultura, dado que se importa cerca de 80% do que se consome… Nada se produz! A agricultura deve ser uma actividade estrutural e deve ser o Estado a definir as regras. O agricultor deve receber um preço justo pela sua produção que, no momento actual, claramente, não o é, e dá até prejuízo.

Por não haver agricultura é que lavram os incêndios, ficam as cinzas e as pedras… As cinzas, arrastadas pelas águas podem intoxicar os rios e, assim, morrerem milhares de peixes, sem contabilizar a morte dos ovos ou recém-nascidos, que atingirá os milhões.

A matéria orgânica devia ser utilizada para fertilizar os solos e, arrastada pelas águas, vai contaminar os rios e oceanos…
Sendo a agricultura uma actividade estrutural, que os Senhores Presidentes das Câmaras, em primeiro lugar, através da Associação Nacional de Municípios, pensem e imponham ao governo – e, unidos, têm autoridade para isso – que se decida que essas verbas se devem destinar a reabilitar a agricultura, de forma a que o nosso país se transforme em exportador de produtos agrícolas e não seja apenas importador como actualmente.

Para que se volte à ruralização do país, porque a agricultura passa a dar rendimento e a utilizar a mão-de-obra dispersa, e para que deixem de existir nas cidades jovens pedintes – em que alguns se transformam até em salteadores, passadores de droga ou drogados.

De que forma? Criando centros equivalentes ao Complexo Agro-Industrial do Nordeste (Cachão), que dava emprego a 150 pessoas e até já estava esboçada uma aldeia circundante, construída ou em construção.

Este complexo agro-industrial deve-se a Camilo de Mendonça, Engenheiro Agrónomo.

Refiro agora alguns exemplos. Para arranjar um colmeal, o complexo fornecia as colmeias sem custo inicial para o agricultor, que vinha a pagar com o mel. O excedentário de frutas, como por exemplo das cerejas, era recebido pelo complexo e eles encarregavam-se de o vender ou de transformá-lo em compotas. A garotada colhia as amoras das silvas para transformar em produtos exportáveis que eram muito apreciados na Alemanha. Hoje, importa-se tudo isso.

As cooperativas circundantes podiam encarregar o Cachão de exportar a sua produção excessiva para mercados internacionais.

A lã – que hoje não vale nada – era recebida, lavada e era aproveitada a lanolina. Em Lisboa, era vendida em leilão.
Actualmente, gastei 200 euros na tosquia. Por favor, levaram a lã e só deram 75 euros por ela.

O leite produzido de vaca, cabra e ovelha era recebido a um preço justo e era transformado em queijo ou leite engarrafado ou empacotado.

Futuros Senhores Presidentes das Câmaras, há que criar complexos deste género em todos os distritos, em que os produtos da agricultura sejam pagos a preço justo. É preciso incentivar e estimular as cooperativas. Que façam contractos com os agricultores para que nós sejamos auto-suficientes agricolamente, e para que não fiquemos submetidos a caprichos do exterior.

Despertem, Senhores Presidentes! Circulem pelo terreno! Deixem-se de gabinetes…

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